Corrupção global no mercado financeiro custa US$ 500 bilhões para governos
Relatório de grupo de trabalho da ONU apontou que 10% do PIB mundial está retido em contas em paraísos fiscais.
Governos do mundo todo deixam de arrecadar cerca de US$ 500 bilhões por ano com desvios fiscais em operações de transferência de lucros por empresas. Os números fazem parte de um relatório, publicado no final de setembro, pelo grupo de responsabilidade financeira, transparência e integridade (Facti, na sigla em inglês), da ONU.
Segundo o órgão, aproximadamente 10% do PIB mundial fica detido em contas offshore, abertas em paraísos fiscais para fugir de impostos. Eles também estimam que cerca de US$ 20 a US$ 40 bilhões são gastos por ano com subornos. E outros US$7 trilhões estão escondidos em fortunas privadas de milionários em refúgios fiscais.
“A corrupção e a evasão fiscal estão desenfreadas. Muitos bancos estão em conluio e muitos governos estão presos ao passado. Estamos todos sendo roubados, especialmente os pobres do mundo”, disse a Dra. Dalia Grybauskaitė, co-presidente do Painel FACTI, evento realizado no final de setembro em Nova York, e ex-presidente da Lituânia.
“A confiança no sistema financeiro é essencial para que possamos enfrentar grandes questões como pobreza, mudanças climáticas e COVID-19. Em vez disso, temos hesitações e atrasos que beiram a cumplicidade”, afirmou ela.
A publicação dos papéis ocorre em meio às denúncias, em setembro, de que cinco grandes bancos com atuação global (J.P. Morgan, HSBC, Deutsche Bank, Standard Chartered Bank e Bank of New York Mellon) movimentaram US$ 2 trilhões em operações de lavagem de dinheiro por mais de 20 anos.