Os piores erros de planejamento financeiro
Economize evitando os deslizes típicos na hora de programar seus gastos e investimentos
No início do ano, geralmente temos mais fôlego para tirar do papel os planos feitos na noite da virada. Por isso, podemos aproveitar essa energia para renovar os votos com nosso bolso e colocar nossas contas nos eixos, de uma vez por todas. Basta planejar seu orçamento e controlar os gastos. Parece simples, mas se feita sem cuidados essa tarefa pode começar toda errada. Um deslize comum ao elaborar o planejamento financeiro, por exemplo, é fazer contas usando seu salário bruto e não líquido. Pode soar bobo, mas esse erro prejudica todo o gerenciamento das despesas e sabota seus planos de economizar.
Para evitar que isso aconteça, selecionei alguns erros comuns que as pessoas cometem ao fazer seu planejamento financeiro:
Achar que ganha mais do que ganha: um dos pilares do planejamento financeiro é a renda. É a partir dela que você se organiza para pagar as contas e poupar. Mas uma pesquisa do GuiaBolso mostra que, em média, as pessoas superestimam a própria renda em 8,6%. Ou seja, acreditam que vão receber mais do que de fato ganham. Uma das razões para isso é contar com o salário bruto e não com o líquido. Em seu planejamento, lembre-se de considerar apenas aquilo que realmente entra na sua conta bancária.
Pensar que gasta menos: para traçar um bom plano para seu orçamento, você precisa ser realista. Analise com cuidado seus gastos nos meses anteriores para identificar as categorias onde poderia diminuir as despesas. É comum as pessoas se assustarem ao se dar conta de quanto gastam, na verdade, com bares e restaurantes no mês ou quanto pagam só de juros do cartão de crédito.
Questione-se. Será que você está assistindo a todos os canais que contratou da TV a cabo? Se não, por que não reduz o plano? E com o celular? Não conseguiria falar com seus amigos pelo Voip e pegar um plano pré-pago? Tanto as despesas que sustentam seu estilo de vida quanto aquelas direcionadas aos itens básicos podem ser menores. A recomendação é que os gastos essenciais (com transporte, moradia, saúde, educação e mercado) não ultrapassem 50% do orçamento. Outros 15% devem ser reservados para as prioridades financeiras, sejam elas pagamento de dívidas ou investimentos. Os 35% restantes podem ser gastos com estilo de vida: bares, restaurantes, lazer, viagens, compras etc.
Não ter reserva financeira: imprevistos acontecem e precisamos estar preparados. A recomendação é poupar o equivalente a até seis salários para constituir uma poupança para eventualidades. Assim, evita-se recorrer a empréstimos que acabam desequilibrando o orçamento em caso de emergências.
Não investir: o levantamento do GuiaBolso mostra que apenas 9,4% das pessoas conseguem poupar e investir ao fim do mês. E quando falamos de investir não estamos nos limitando à reserva de emergência e à previdência. Há opções de investimentos, como Fundos DI e CDBs de bancos médios, que dão um retorno melhor e são de baixo risco. Para começar a investir, a dica é pré-programar uma aplicação mensal em seu banco. Assim, logo que o salário cai na conta, uma fatia já é destinada automaticamente ao investimento que você escolher. Dessa forma, não há desculpas de esquecimento ou falta de dinheiro no fim do mês. O ideal é que pelo menos 15% do salário sejam colocados em investimentos, se você não tiver dívidas para pagar.
Ter dívidas caras: outro erro comum que as pessoas cometem é entrar em dívidas caras, como cheque especial e rotativo do cartão de crédito, para fechar as contas. Os juros rotativos do cartão, por exemplo, ultrapassam 400% ao ano. Há opções mais baratas no mercado, como o empréstimo pessoal. Se você está com alguma dessas dívidas, a dica é substitui-la por outra mais barata. Você pode, por exemplo, pegar um empréstimo pessoal (juros de 50% ao ano) para quitar a dívida com cartão de crédito (400% ao ano). Se não conseguir o crédito, tente negociar com a instituição financeira novas condições para pagar o empréstimo. Muitas pessoas conseguem diminuir os juros assim.
Montar um plano de ação é o primeiro passo para retomar as rédeas de sua vida financeira, mas é preciso também ter disciplina e força de vontade para segui-lo ao longo do ano. O esforço vale a pena. Se tantos já conseguiram, você também consegue.
Acerte na conta
Incorporar alguns conhecimentos e atitudes vai ajudá-lo a traçar uma estratégia mais realista para o seu dinheiro
– Salário no bolso é o salário líquido. Cuidado com a renda-base de seu orçamento. Salário é o que cai na conta, e não o salário bruto, que vem no holerite.
– Entenda quanto você gasta em cada categoria. Feito isso, trace limites realistas para elas, pensando se você vai conseguir cumprir.
– Anote todos seus gastos. O objetivo é saber quanto você já gastou do planejado em cada categoria. Alguns aplicativos fazem isso de forma automática.
– Não conte com a sorte. Não espere ganhar na loteria ou receber um aumento, se está precisando de uma renda extra. Procure alguma ocupação para as horas vagas que possa complementar o orçamento.
– Reserve dinheiro para emergências. A recomendação é guardar até seis salários para urgências. Exemplo: se seu salário é de 3 000 reais, junte 18 000 reais. A dica é poupar pelo menos 15% ao mês, ou 450 reais.
– Identifique os vilões do seu orçamento. Liste suas principais despesas e trace um plano para reduzi-las. Você sabe quanto gasta com táxi ou com o café após o almoço? Precisa jantar fora de casa três vezes na semana? Questione seus hábitos mais caros.
– Confira suas finanças toda semana. Ter uma vida financeira saudável passa pela disciplina de monitorar seus gastos constantemente, para não perder o controle.
– Deixe o cartão de crédito em casa. Isso vai fazê-lo pensar duas vezes antes de comprar algo.
*Thiago Alvarez é sócio-fundador do Guia Bolso, aplicativo de controle financeiro.