Gol e Azul decolam, shoppings seguem disparada – e Ibovespa fecha em 1,29%
Lá fora, depois de subir 40% no ano, a Apple sozinha passa a valer mais que o Brasil.
As ações das aéreas tiveram uma subida estratosférica. A Gol fechou em alta de 5,45% e a Azul, de 6,40%. Mas supersônicas mesmo foram as administradoras de shoppings (de novo). A Iguatemi, que já tinha subido quase 8% ontem, por conta da divulgação de um balanço menos pior do que o mercado esperava, hoje emendou mais 4,92%. A surpresa lá do balanço foi uma queda de apenas 23% no lucro em relação ao mesmo período do ano passado, justamente no trimestre das quarentenas. O mercado, óbvio, esperava tombo bem maior.
Esse balanço bonitão já tinha puxado as outras empresas de shopping para cima ontem. E o fenômeno se repetiu nesta quinta. A Multiplan, que vai divulgar seus números do segundo trimestre hoje, após o fechamento do mercado, bombou 7,62%. A BR Malls, 10,31%.
Essa esperança toda nos resultados dos shoppings e na recuperação das aéreas ajudou o Ibovespa a fechar em terreno positivo pelo segundo dia seguido: alta de 1,29%, a 104.125 pontos.
O voo da Gol e da Azul não veio de graça. Foi cortesia de uma “molezinha” (no jargão de Paulo Guedes) que o governo deu às aéreas. Bolsonaro aprovou a MP 925/20, que permite às companhias efetivar o reembolso de cancelamentos feitos entre 19 de março e 31 de dezembro em até 12 meses, com o valor corrigido pela inflação.
A medida também abre outra possibilidade para as aéreas. Se você comprou uma passagem com data dentro desse período, poderá converter o valor em créditos na companhia, seja para uma nova passagem para você, ou para transferir o valor para outras pessoas. E os créditos tem prazo de expiração: 18 meses após a compensação para o passageiro. É mais uma forma de garantir que os valores fiquem dentro das empresas – que podem lucrar com os passageiros esquecidos.
A medida, nada popular entre os clientes, dá um alívio ao caixa das companhias – só a Gol relatou um prejuízo de R$ 1,99 bilhão no segundo trimestre (o balanço da Azul só sai dia 13, mas não deve vir muito melhor).
Lá fora, céu de brigadeiro. Os índices S&P 500 (alta de 0,64%) e Dow Jones (0,68%) seguem suas toadas rumo aos recordes pré-pandemia. E a Nasdaq estende seu recorde, já batido, em mais 1%.
A notícia (mais ou menos) positiva foi o número de pedidos por seguro-desemprego na última semana: o menor desde o início da pandemia. Foram 1,19 milhão de pedidos, ante uma expectativa de 1,4 milhão de pedidos.
O histórico do levantamento, de qualquer forma, é um sinal de alerta. Fazem mais de dois meses que os números permanecem em mais de um milhão. Sim, é bem menos que os 6 milhões em uma semana, atingidos na última semana de março (o auge nos pedidos de seguro desemprego). Mas nada que se compare ao nível pré-pandemia, quando os pedidos ficavam na casa dos 200 mil por semana.
Amanhã saem as estatísticas de novas contratações nos EUA – e isso vai dar um panorama melhor de como realmente anda o desemprego por lá.
Por aqui, diga-se, vai mal. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgados hoje pelo IBGE, mostram que a taxa de desemprego no país chegou a 13,3% em junho.
A pandemia nem afetou tanto essa estatística. Em fevereiro, era de 11,6%. Aqui o buraco é mais embaixo. O Brasil virou um DeLorean do De Volta para o Futuro. Nosso PIB, em dólar, está no mesmo nível de 2009. E, dependendo do quanto a economia cair neste 2020 quarentenado, podemos voltar mais ainda no tempo.
Está tão feio que, hoje, a Apple sozinha já vale que o nosso país. Depois de subir 40% no ano, com pandemia e tudo, a empresa de Tim Cook chegou a um valor de mercado de US$ 1,9 trilhão; contra US$ 1,84 tri do nosso pibinho.
E o salário, ó.
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Maiores altas
BR Malls +11.20%
TOTVS +10.85%
Cielo +10.67%
Multiplan +7.66%
Azul +6.40%
Maiores baixas
Gerdau -2.48%
Metalúrgica Gerdau -2.46%
Via Varejo -2.05%
Usiminas -2.00%
Pão de Açúcar -1.92%