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Dólar sobe 3,3% na semana; Ibovespa empaca

Mas a sexta foi ótima para Hering (9,99%), Qualicorp (7,81%) e Eletrobras (7,07%). Lá fora, altas da Apple e da Tesla testam os limites da racionalidade.

Por Alexandre Versignassi, Camila Pati
Atualizado em 23 ago 2020, 17h01 - Publicado em 21 ago 2020, 18h38

A frente fria pegou o mercado também. O Ibovespa fechou basicamente no zero, a 0,05% na sexta (21). Mas algumas ações arrumaram um canto quentinho, e fecharam o pregão fervendo. 

Foi o caso da Hering, que fechou em 9,99%. O gatilho foi o início de um programa de recompra de ações por parte dos controladores. 

Recompras são, via de regra, uma demonstração de que os controladores estão otimistas com o futuro da empresa. Companhias abrem o capital para obter dinheiro sem ter de pagar juros. Digamos que você tenha uma empresa e precise de dinheiro para expandir. Um jeito de levantar a grana é pedir emprestado. Outro é arrumar um sócio, que pague para ficar com 30%, 40% do negócio – e ter direito a 30%, 40% dos lucros que a empresa dê lá na frente. Abrir o capital na bolsa equivale a arrumar um sócio – na verdade, milhares de sócios, que vão pagar, no ato do IPO (a abertura de capital propriamente dita) para ter uma parte de sua empresa. 

Se lá na frente você, o controlador da empresa, decide ir ao mercado para recomprar as ações que lançou, significa o seguinte: 1) Que você está com o caixa recheado 2) Que confia mais no seu negócio do que o mercado, já que, se você mesmo comprou, é por que acha que as ações estão baratas demais para ficarem dando sopa por aí. 

O mercado, também via de regra, vê esse tipo de jogada com bons olhos, ainda mais quanto a recompra é grande. E a da Hering é grande. Serão 5 milhões de ações, o equivalente a 4% do capital da empresa – algo que, pelo valor de mercado da malharia hoje, vale R$ 87 milhões. Logo, as ações da Hering viveram um dia de subida histórica. Agora é ver se a aposta dos controladores vai se pagar, já que a companhia não apresentou um balanço animador no segundo trimestre. 

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Qualicorp e Eletrobras

Outra que se deu bem nesta sexta foi a Qualicorp. A empresa de planos de saúde anunciou uma “mini-fusão” com a Notre Dame Intermédica, sua concorrente. É mais ou menos como um acordo de codeshare entre companhias aéreas: ela vão vender planos em conjunto. O mercado gostou da ideia, e a Qualicorp fechou em alta de 7,81%.

A parceria  amplia a oferta de produtos oferecidos pelos canais da Qualicorp com a entrada dos planos oferecidos pela Notre Dame Intermédica no segmento coletivo por adesão – aqueles contratados por conselhos, sindicatos e associações comerciais. Outra notícia que impulsionou as ações da Qualicorp foi o comunicado de compra da operadora Assim Saúde.

Bom, outra alta rampante foi das ações da Eletrobras (ELET3 e ELET6): 7,07% e 4,95%. A expectativa de privatização da maior empresa de energia elétrica da América Latina ganhou força com a notícia de reserva de R$ 4 bilhões no orçamento do governo para 2021 para a execução do plano de venda da estatal. O dinheiro será usado para a criação de outra estatal, que absorveria parte das operações após a privatização. 

É que nem todas as atividades controladas pela Eletrobras podem executadas por empresas de capital privado. A nova empresa do governo ficaria, por exemplo, com as operações da Eletronuclear, responsável pelas usinas nucleares de Angra (RJ), e que também é sócia da usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR).

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Lá fora, os índices passaram mais um dia no berço esplêndido de suas cotações recordes, sempre puxados pelas empresas de tecnologia. A Apple teve uma alta brutal (para uma empresa que já vale mais de US$ 2 trilhões): galgou mais 5,15% hoje, por conta do otimismo com o breve lançamento do iPhone 12 (falta combinar com os russos, claro: é impossível cravar se o novo aparelho da Apple vai mesmo vender como os fanboys das ações da maçã esperam). 

A Tesla, com não menos respeitáveis US$ 382 bilhões em valor de mercado (CATORZE vezes o da Ford), também teve um dia feliz, o que não tem sido nada raro para ela em 2020: 2,41%, atingindo um valor recorde de US$ 2 mil por ação (deve vir um split por aí logo mais).  

Nisso foi fácil, extremamente fácil, para que o S&P 500 (0,34%) e o índice Nasdaq (0,42%), das empresas de tecnologia, seguissem em seus patamares de recorde histórico. O Dow Jones, da bolsa de NY, também subiu mais um pouquinho: 0,69%. 

Dólar na ionosfera 

A notícia ruim do dia ficou por conta do dólar (ruim para quem não investe em dólar, claro). Dados capengas da economia europeia, divulgados hoje, fizeram o euro perder valor diante da moeda americana. E quando o dólar ganha força diante do euro, as moedas dos emergentes pagam o pato: tombam mais ainda diante do greenback

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Para segurar o câmbio, o Banco Central fez mais um leilão de dólares no mercado, e vendeu US$ 650 milhões. Mesmo assim, não teve jeito: o dólar fechou a R$ 5,60. Uma alta de 0,98%.

Na semana, a moeda dos EUA subiu 3,3%, contra míseros 0,17% do Ibovespa, que fecha esse período basicamente do jeito que começou, com 101.521 pontos. Pois é. Por aqui, nada é fácil.

Bom fim de semana.

Maiores altas

IRB Brasil Resseguros  +12,31%

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Hering  +9,99%

Qualicorp +7,81%

Eletrobras (ELET3) +7,07%

Eletrobras (ELET6) + 4,95%

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Maiores baixas

Metalúrgica Gerdau (GOAU4)  -2,59%

Gerdau (GGBR4) – 2,91%

CSN -2,23%

B3 -2,20% 

Localiza -1,94%

 

Petróleo (Brent): – 1,43%, a US$ 44,26

Dólar: + 0,98%, a R$ 5,60

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