COEs ganham força no Brasil

Saiba como e se vale a pena investir nos Certificados de Operações Estruturadas

Por Daniela Rocha
Atualizado em 17 dez 2019, 15h17 - Publicado em 19 jul 2017, 05h00
 (Photobuay/Thinkstock)
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Quem deseja fazer aplicações mais audaciosas do que a renda fixa, mas ainda não se sente preparado para comprar ações diretamente na bolsa, pode apostar numa modalidade de investimento relativamente nova no Brasil e que vem ganhando cada vez mais adeptos: o COE, ou Certificado de Operações Estruturadas, que mescla elementos de renda fixa com renda variável e oferece retornos vantajosos — e seguros. “O COE é um empacotado de estratégias. Em uma só aplicação, ele possibilita diversificação e acesso a novos mercados, dando oportunidade de investir em ações ou fundos imobiliários americanos, por exemplo”, diz Raphael Santos, diretor de investimentos da consultoria de planejamento financeiro GFAI Capital. A vantagem?

A possibilidade de faturar alto com a elevação do preço das ações que compõem a cesta de certificados.
Segundo Raphael, para os investidores do varejo que possuem perfil moderado e querem experimentar novas alternativas, o tipo mais indicado de COE é o de capital garantido. Nesse caso, mesmo que o resultado seja negativo no vencimento, o valor aplicado é devolvido — o que explica sua popularidade. Em 2016, do total de COEs disponíveis no mercado, 93,7% eram com capital protegido. Há no mercado outras possibilidades que asseguram somente uma parcela do dinheiro investido — de 80% ou 90% —, e ainda aquele que não tem o aporte inicial garantido. Mas são mais arriscados.

Origem

Inspirados nas notas estruturadas, bastante populares nos Estados Unidos e na Europa, os Certificados de Operações Estruturadas foram lançados no Brasil em 2014. No início, só eram oferecidos a investidores de alta renda. Mas, depois de ser regulamentados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em fevereiro de 2016, passaram a ser distribuídos também ao público geral tanto por instituições financeiras quanto por corretoras. De acordo com a B3, operadora da bolsa de valores de São Paulo, 19 bancos emitem COEs hoje no Brasil, entre eles Itaú, Bradesco e Santander. E o interesse pelo produto só cresce. Do início do ano passado para cá, a Easynvest, uma das corretoras mais populares do país, pulou de 100 investidores na modalidade para 15 000.

Confira, a seguir, como investir de maneira inteligente no produto que promete turbinar seus rendimentos sem exigir, como contrapartida, o risco de perder dinheiro.

COMO FUNCIONA?

O rendimento do certificado de operações estruturadas (coe) é indexado a vários tipos de ativos ou índices, como ações, moedas, commodities ou inflação. Isso significa que está sujeito às suas variações. “Quando o coe é desenhado, o objetivo é que o investidor participe da valorização de determinado ativo”, diz Márcio Cardoso, diretor da easynvest. Um dos pontos altos da modalidade é a possibilidade de diversificar o portfólio e acessar ações promissoras. “Há COES, por exemplo, com ações de facebook, netflix, google e apple”, diz Roberto Indech, analista da corretora de investimentos rico

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O MOMENTO É FAVORÁVEL?

Recentemente, com as delações da operação Lava-Jato, que envolvem políticos e empresários, o quadro é de instabilidade política e econômica no País. Mesmo assim, de acordo com analistas, o certificado de operação estruturada (COE) pode continuar como alternativa, desde que ocupe uma pequena parcela da carteira. Além disso, muitos COEs têm ativos no exterior — o que blinda de certa forma o investimento. “Nesse cenário de instabilidade, o investidor deve se atentar à questão da liquidez, já que na maioria dos casos é preciso respeitar o prazo de permanência”, afirma Raphael, da GFAI capital.

QUAIS SÃO OS RISCOS?

Existem duas modalidades de COE: a de capital garantido e a de capital em risco. Na primeira, o dinheiro inicialmente investido é devolvido, sem correção da inflação no período, caso a estratégia não dê lucro. Já na segunda, existe a possibilidade de perda de todo o valor aplicado — se houver baixa. Logicamente, quanto maior o retorno esperado, maior o risco.

COMO EVITAR ERRO?

O ideal é investir com instituições de sólida atuação no mercado. “É fundamental checar o rating, a nota da qualidade do crédito do banco emissor [dada por agências de classificação de risco, como Moody’s, S&P e Fitch]”, afirma Raphael, da consultoria GFAI. Como o COE não conta com a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito, a melhor opção para iniciantes ou para quem não pode perder dinheiro, conforme informado anteriormente, é investir na opção com capital garantido. Mas como ela funciona? Da seguinte maneira: você aplica 5 000 reais e o banco emissor destina uma parcela de 4 000 reais para renda fixa, de forma que no vencimento o valor chegue aos 5 000 reais iniciais investidos — assegurando que não se perca nada. Os 1 000 reais restantes vão para operações de renda variável. Se essa parcela menor for bem investida e houver alta, o investidor ganha. Nesse caso, ele recebe um percentual, preestabelecido pela instituição, da alta dos ativos no período.

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QUAL É O CAPITAL MÍNIMO?

Hoje, existem oportunidades de aplicações a partir de 5 000 reais. Elas podem ser feitas por correntistas dos principais bancos do varejo e também por meio das corretoras independentes, em SUAS plataformas online. Antes de tomar uma decisão, é preciso analisar com atenção o Documento de Informações Essenciais (DIE), que reúne todas as características do certificado — como o investimento inicial mínimo, a data de início, a data de vencimento, a cesta de ativos, se a modalidade é de capital garantido ou de risco. Nesse material, os emissores também especificam os cenários de potenciais retornos. Conforme dados da CETIP, os prazos dos COEs variam de 90 dias a dois anos. É preciso se atentar à data de vencimento do COE, pois, em geral, não existe possibilidade de resgate antecipado.

A RENTABILIADE É MESMO BOA?

Cada COE possui suas características, com retornos diferenciados. Por esse motivo é essencial analisar no documento que a instituição é obrigada a fornecer qual é a estratégia utilizada e os cenários de potenciais resultados. De acordo com um levantamento da CETIP, 56,9% das aplicações vencidas no ano passado superaram a taxa di (média dos juros praticados entre os bancos ao longo de um dia e que costuma balizar as operações financeiras). Vale lembrar ainda que não há taxa de administração no COE. Porém, existe incidência de imposto de renda sobre o lucro, que varia conforme o prazo da aplicação, seguindo a tabela regressiva, com alíquota de 22,5% até seis meses; 20% de seis meses a um ano; 17,5% de um ano a dois anos e 15% acima de dois anos.

PARA QUEM O COE FUNCIONA?

De acordo com analistas, ele é indicado para investidores menos arrojados. “É ideal para pessoas que querem começar a investir em ativos de maior risco, sem comprometer o capital”, afirma Marcio, da Easynvest. A participação na carteira, de acordo com especialistas, deve variar de 5% a 10%. “O COE é interessante para quem quer se posicionar em ações fora do país. Sem esse instrumento, talvez muitas pessoas não tivessem acesso a ativos no exterior”, acrescenta Roberto, analista da Rico. Para acessar ativos estrangeiros de outras maneiras, há mais burocracia e custos envolvidos. No caso dos fundos dedicados a investimentos no exterior, por exemplo, há exigência de aportes iniciais elevados. Ou seja, são direcionados aos milionários. Como é um título cuja estrutura é montada pelos bancos emissores, para escolher qual a melhor opção para compor a carteira, os investidores têm de verificar quais os ativos envolvidos e os possíveis cenários. Um assessor de investimentos pode ajudar a dar explicações mais detalhadas, avaliando o tipo de COE mais adequado ao perfil do interessado.

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