Apple e Maia servem de Rivotril para os mercados num dia tenso

Lá fora, as empresas de tecnologia acalmaram o baque do desemprego em alta. Aqui, o papel de ansiolítico ficou com Rodrigo Maia.

Por Alexandre Versignassi, Monique Lima
Atualizado em 17 dez 2024, 10h38 - Publicado em 20 ago 2020, 18h09
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 (Cappi Thompson/Getty Images)
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Começou com um ataque de pânico. 

Nos EUA, aquela ata do Fed ainda reverberava, e o número de novos pedidos de seguro-desemprego voltou à casa do milhão. Por aqui, o Senado tinha apimentado as tensões no governo ao derrubar o veto de Bolsonaro e autorizar reajuste salarial para algumas categorias do funcionalismo público – o que pode quebrar as contas do Estado. Caos instaurado: bolsas americanas no vermelho, Ibovespa com febre, taquicardia, falta de ar, perda de cabelo. 

Mas tudo vai bem quando acaba bem. O Ibovespa reverteu o cenário ao fechar numa alta de 0,61%, aos 101.467,87 pontos, longe da crise de pânico matutina, graças às pílulas de Rivotril tomadas pelo mercado ao longo do dia, que sedaram o nervosismo geral. 

Para entender essa montanha russa, vamos como Jack – por partes. 

O Fed (Banco Central dos EUA) tinha sinalizado na quarta (19) que a recuperação econômica americana seria mais difícil e demorada do que se imagina. Isso ainda causava mau humor nos investidores pela manhã. E só piorou com a divulgação dos pedidos de seguro-desemprego por lá. O número de novos desempregados subiu, voltando ao patamar do milhão (1.106 mi). A expectativa era de queda, para 923 mil. Aí complicou, e as bolsas de NY (NYSE e Nasdaq) abriram em queda. A B3 também. 

Mas logo veio a virada. Ela começou com uma subida inesperada nas ações das empresas de tecnologia (com destaque para a Apple, como veremos mais adiante). No meio do dia, a Nasdaq passou a operar em alta, e isso deu uma bela acalmada no restante do mercado – B3 incluída. 

Devidamente medicados, os índices americanos fecharam melhor do abriram, com máxima histórica de 1,06% na Nasdaq; 0,32% da S&P 500 ; e a Dow Jones 0,17%. 

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Já por aqui, a dose foi dupla. Os números do Ibovespa começaram a fugir do vermelho depois da recuperação americana. Mas o calmante definitivo só viria depois. 

Na quarta (19), o Senado derrubou o veto presidencial que impedia reajustes de salários dos servidores públicos até o final do ano que vem. E esse foi o gatilho político que desestabilizou o financeiro hoje. A possibilidade abria portas para um aumento brutal nos gastos públicos – isso tirou o fôlego da ala econômica, que morre de medo de ver a dívida pública chegar a níveis insustentáveis, e colocou o dólar nas alturas (já que todo mundo corre para a moeda americana quando a economia brasileira ameaça degringolar). 

Mas depois dessa tempestade, veio a bonança. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, se manifestou publicamente a favor da manutenção do veto presidencial, com a promessa de trabalhar alianças para garantir a posição do governo. Aí o mercado passou a respirar; e o dólar, a cair – até fechar numa alta meramente leve, de 0,40%.  

A valorização da moeda americana ao longo do dia, de qualquer forma, deu força para as empresas com receita em dólar. É o caso da Suzano, que brilhou, e fechou em alta de 3.20%. Dá para dizer o mesmo da WEG. A multinacional de Jaraguá do Sul (SC), que tem 60% da receita em dólar, fechou numa alta de 2.03%. Isso consolida a fabricante de motores elétricos, que tem 12 fábricas espalhadas por 4 continentes, cada vez mais como uma das ações mais caras do Ibovespa – seu P/L (preço sobre lucro) está em 73, contra uma média de 16 de todas as empresas listadas no índice. 

O P/L, vale lembrar, é o “preço real” de uma ação. Ele mostra quantos anos do lucro atual a empresa precisa gerar por ano para pagar seu valor de mercado (o preço somado de todas as ações). Quanto maior o P/L, maior a fé dos investidores em que o lucro vá subir no futuro. Para dar uma ideia: o P/L da alemã Siemens, sua concorrente no mercado global é de 26; o da Apple, 35. Ou seja: há mais esperança em eventuais aumentos nos lucros da WEG do que nos da Apple.

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Falando em Apple, a empresa que nasceu numa garagem no número 2066 da Christ Drive, em Los Altos, Califórnia chegou na quarta (19) a um valor de mercado de US$ 2 trilhões, e hoje subiu mais ainda (2,22%), consolidando-se mais um pouco como a empresa mais valiosa da história da humanidade.   

 

MAIORES ALTAS 

B3 4.65%

Multiplan  3.90%

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Cyrela 3.74%

Lojas Renner  3.42%

Br Malls 3.35%

 

MAIORES BAIXAS 

Magazine Luiza −2.62%

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Sabesp −2.39%

Natura −1.91%

BRF −1.15%

Qualicorp −1.15%

 

Petróleo:

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Brent:  -1,03%, a US$ 44,90 o barril 

WTI: – 0,67%, para US$ 42,82 o barril

Dólar:  0,40%, a R$ 5,55

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