A luta do dia: Varejo Online em Alta X Frango Contaminado
A bolsa até tentou, mas a China não deixou. E fechou em baixa de 1,62%
Num canto do ringue, balanços cheios de resultados positivos; no outro, o frango com coronavírus. Quem ganhou no ringue do Ibovespa? Infelizmente, o lado negativo. O dia até tinha começado em alta (0,43%), puxada pelos resultados corporativos da Marfrig e da Via Varejo. Mas fechou lá em baixo: -1,62%. A ressaca com a debandada na equipe de Paulo Guedes também foi um fator preponderante para a derrota do lado luminoso da força, já que coloca em xeque o futuro de toda a nossa economia, independentemente de qualquer outro fator.
O cenário começou a degringolar logo pela manhã, quando a China, maior consumidora das carnes que o Brasil exporta, divulgou que uma amostra de frango congelado vinda daqui “testou positivo” para o coronavírus. A notícia assustou os investidores, que em junho e julho, já tinham visto o país asiático suspender importações de algumas fábricas como medida de segurança por suspeita de contaminação.
Para a Marfrig, então, foi um dia esquizofrênico. O frigorífico chegou a subir gloriosos 10% pela manhã, em resposta aos bons resultados do balanço do segundo trimestre, divulgado na noite de quarta (12). Mas não teve jeito. Com o efeito-China, as ações foram cedendo, e fecharam quase no zero: 0,41%.
O release do balanço festejava o aumento das vendas para a Ásia. Nas palavras da própria empresa: “65% do total das receitas de exportação foram destinados à China e a Hong Kong. Esse montante representou um aumento líquido de 81% quando comparado ao mesmo período de 2019”. Ironicamente, o era um dado extremamente positivo aumentou o receio com a empresa, já que há o temor de a China frear as importações.
A empresa registrou lucro líquido recorde de R$ 1,594 bilhão – 1.700% acima ao do mesmo período do ano passado, de R$ 87 milhões – e, com seu desempenho histórico no primeiro round do pregão chegou a alavancar suas similares. Mas por pouco tempo: JBS (-0,98%) e Minerva (-2,64%) também fecharam em baixa por conta do efeito China.
Já para a BRF foram só notícias ruins mesmo. O lucro líquido da empresa catarinense teve uma queda de 5,5% em relação ao mesmo período de 2019. Ficou em R$ 307 milhões no segundo trimestre de 2020. Depois, ainda caiu no buraco do frango com corona. Aí foi nocaute: -7,80%
Mas nem só de frango se alimentou o Ibovespa hoje. O varejo online quase que salva o dia. Via Varejo que o diga. Ela liderou as altas por todo o dia depois do golpe chinês na Marfrig. Fechou em alta de 3,41%. Motivo: um lucro líquido de R$ 65 milhões neste segundo trimestre, em comparação ao prejuízo de R$ 162 milhões do mesmo período de 2019. O balanço robusto da Via Varejo manteve as ações das outras grandes do comércio digital relativamente animadas. Magalu (+0,49) e B2W (+1,45%) foram alguns dos poucos papéis a fechar no azul em meio ao mar vermelho de hoje, que contou com as ilustres presenças de Vale (-1,87%) e Petrobras (-2,73%).
Do lado de lá da linha do Equador o dia também não foi exatamente para soltar fogos. O número de pedidos de seguro-desemprego caiu para menos de um milhão pela primeira vez desde o início da pandemia, ficou em 963 mil, mas a demora de um acordo entre democratas e republicanos para o pacote de medidas de estímulo à economia não está ajudando. Isso, mais alguma dose de realização de lucros após o pico de ontem, deu uma baixada no efeito positivo no emprego, e os índices fecharam mornos. -0,21% para o S&P 500, -0,28% para o Dow Jones e +0,27% para a Nasdaq. A luta lá terminou empatada, então, com vitória por pontos para o lado sombrio da força.
Olho de tigre na próxima, pessoal!
MAIORES ALTAS
Via Varejo 3.41%
Klabin 2.98%
Hapvida 2.12%
Natura 1.97%
Taesa 1.02%
MAIORES BAIXAS
BRF -7,80%
Br Malls -7,74%
Eletrobras -6,94%
Multiplan -5,94%
Eletrobras -5,38%
Petróleo (Brent): -0,84%, a 45,05%
Dólar: -1,53%, a R$ 5,36