Para parecer fluente em um idioma, frases comuns são melhores do que um vocabulário chique
Pesquisadores descobriram que usar expressões frasais cotidianas aumenta a percepção da fluência mais do que frases raras na fala em língua estrangeira

Você pode até achar que ser fluente em uma língua estrangeira seja falar rápido e usar um vocabulário avançado. Contudo, pesquisadores da Universidade Waseda, no Japão, mostraram que os falantes que mais parecem ser fluentes são os que usam expressões cotidianas – e não os que dependem de palavras complexas.
Publicado no periódico Studies in Second Language Acquisition, o estudo afirma que é importante dominar frases comuns para melhorar a percepção de fluência. Se você está estudando um idioma novo, pode ser vantajoso incorporar expressões comuns na sua fala.
Para investigar a relação entre fluência percebida e tipo de vocabulário, a dupla de pesquisadores Kotaro Takizawa e Shungo Suzuki da Universidade Waseda analisaram a fala de 102 japoneses falantes de inglês, cada um fazendo um discurso argumentativo.
Eles tiveram a fluência julgada por 10 avaliadores experientes, que analisaram as principais métricas de fluência – como taxa de articulação, pausas e autocorreções, para isolar o efeito das expressões formuladas na percepção.
As descobertas revelaram que ter uma fala fluída (com suavidade de entrega) foi o preditor mais forte da percepção da fluência, respondendo por 61% da variação nas classificações. Faz sentido, claro. Conversar com fluidez é uma parte importante de se sentir confortável e acostumado com um idioma.
A surpresa não foi nesse quesito. Os pesquisadores perceberam que adicionar expressões cotidianas adicionava 0,8% a mais à percepção de fluência. Enquanto isso, frases mais complexas tiveram pouco ou nenhum efeito.
A chave para soar fluente, então, não é usar palavras sofisticadas; é usar as frases certas. O estudo mostra que expressões comuns do dia a dia têm um impacto pequeno, mas significativo, em como a fluência é percebida.
“É geralmente observado que professores e alunos de línguas tendem a se concentrar mais em palavras raras ou frases difíceis que soam mais proficientes”, afirma Suzuki. “No entanto, as descobertas atuais indicam que esse não deve ser necessariamente o foco, principalmente se eles querem melhorar sua fluência percebida por outros.”
Esta pesquisa sugere que os alunos devem mudar seu foco do vocabulário avançado para o domínio de frases cotidianas que surgem naturalmente na conversa. Essas expressões comuns são fáceis de encontrar em livros didáticos e conversas cotidianas, tornando-as mais acessíveis para alunos de todos os níveis.
O estudo tem implicações significativas para testes de linguagem, onde julgamentos de fluência podem impactar as pontuações. Ele sugere que os candidatos devem se concentrar em integrar expressões frasais naturais em sua fala, mantendo a suavidade de sua fala. Destacando a importância de ambos os aspectos, “Nossa pesquisa mostra que não há como negar que melhorar a fluência na fala contribui para boas pontuações de julgamento de fluência”, observou Takizawa.
Este estudo destaca o papel crucial das expressões comuns na formação de como a fluência é percebida, oferecendo insights valiosos para alunos e educadores de línguas.