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Sofia Esteves

Fundadora e presidente do conselho da Cia de Talentos, Co-fundadora do Bettha.com e Presidente do Instituto Ser+
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Empreender ou trabalhar em uma empresa: qual é o melhor caminho?

Não existe uma fórmula mágica de qual a melhor trilha de carreira. As duas escolhas têm ganhos e perdas.

Por Sofia Esteves
28 abr 2022, 11h04
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 (foto/Thinkstock)
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Lá no fim da década de 1980, eu me vi diante desse dilema. Já tinha trabalhado dentro de empresas, mas eis que surgiu a oportunidade de empreender. Na época, me perguntava se eu deveria seguir esse novo caminho…

Não preciso nem contar qual foi a minha escolha, certo? Trinta e quatro anos se passaram e cá está o Grupo Cia de Talentos, firme e forte, ampliando seus horizontes e criando um ecossistema de negócios em torno dele.

Bem, mas o que eu gostaria de compartilhar aqui, com vocês, são alguns pontos que levei em consideração na hora de dar aquele novo passo. Calma, a ideia não é convencer quem está lendo este texto a seguir por um ou por outro caminho.

Sei que muitos têm esse desejo de ser fundador e que empreender é o terceiro maior sonho do brasileiro, segundo o último relatório Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizado pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP). Sei que, no ano passado, o mundo pesquisou mais como abrir um negócio do que como conseguir um emprego, de acordo com levantamento do Google. Mas sei também que muitas pessoas se sentem completamente realizadas dentro de uma organização. Ou seja, tudo isso para deixar bem claro que não existe uma trilha única para a felicidade profissional, e sim aquela mais adequada para determinados perfis ou para determinados momentos de vida.

Por isso, o primeiro passo para decidir entre as duas alternativas é a tão comentada, mas sempre tão necessária, autoanálise. Você vai precisar investigar, por exemplo, como se sente diante do incerto. Não são raros os casos de trabalhadores que buscam empreender para ganhar mais dinheiro, porém, é importante saber que nem todo mês é igual. Às vezes, pode entrar muito mais, às vezes, você pode faturar menos.

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Costumo falar que ser empreendedora é ficar o tempo todo com uma sensação de montanha-russa na barriga. Então, se você não é muito fã desse sobe e desce, talvez seja melhor repensar o caminho do negócio próprio.

Outro item que deve entrar na lista do processo de autoanálise é a sua disposição de ser mil e uma utilidades. Quando trabalhamos em uma empresa, costumamos nos especializar em uma área, em uma função, em uma atividade. Ainda que a pessoa esteja acostumada a transitar entre equipes diferentes e a participar de projetos variados, existe um nicho no qual ela acaba se tornando expert.

Agora, quando começamos a empreender, é comum precisarmos entender um pouco de tudo: de gestão financeira a gestão de pessoas, da relação com o cliente à adoção de tecnologia. Para estruturar a sua empresa, você vai precisar conhecer as diferentes áreas e suas respectivas necessidades. Para ter um olhar mais estratégico, você deve enxergar o todo e não só o seu campo de conhecimento super especializado.

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Em segundo lugar, você precisa entender que as duas escolhas envolvem ganhos e também perdas. Se, por um lado, empreender dá a liberdade de criar algo mais alinhado às suas crenças e ao seu propósito, por outro, é importante saber que não tem isso de “não dar satisfações a ninguém”. Em nenhum dos cenários, existe 100% de autonomia porque, bem, isso se chama conviver em sociedade e ter responsabilidades com os outros. As nossas ações impactam os outros a nossa volta, seja como colaborador(a) de uma empresa seja como quem fundou a própria companhia. 

Uma forma prática de visualizar essa relação de perdas e ganhos é fazer uma lista dividida em duas colunas para a trilha do empreendimento e outra para a carreira dentro de uma organização. Ao optar por um caminho, quais são as vantagens e as desvantagens? Você verá que não existe uma saída perfeita, mas uma mais adequada para aquela autoanálise do primeiro passo e para o contexto no qual você está.

Aliás, sobre o contexto, não se esqueça de avaliar qual a sua situação no momento. Você tem capital para iniciar um novo negócio? Você tem tempo para se dedicar a uma mudança de carreira mais drástica? Você tem uma rede de apoio para ajudar em qualquer uma das duas transições? Se as respostas forem negativas, isso não significa que você deve desistir da ideia, mas que talvez seja necessário um planejamento maior antes de tirar o sonho do papel.

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Por último, não se esqueça de conversar com outras pessoas. Procure profissionais que tenham ido do mundo corporativo para o do empreendedorismo e vice-versa. Tente entender o que foi bom e o que não foi tão bom assim em cada experiência, quais foram os erros e aprendizados, quais são os conselhos. Tire dúvidas, pergunte sobre a rotina, compartilhe as suas inseguranças.

Ao final desse processo de “investigação”, você terá algumas pistas mais definidas sobre qual trilha seguir. E, lembre-se, nenhum caminho é definitivo! Você pode sempre fazer uma mudança de rota e, quem sabe, experimentar outra jornada. Eu mesma, olha só, passei pelas duas e aproveitei cada uma delas com tudo que fazia parte do pacote, as vantagens e as desvantagens. E, quer saber, não me arrependo de nenhuma!

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