Por que existem investimentos isentos de IR?
Esse é um empurrãozinho do governo para deixar o crédito para investimentos mais barato.
Quando você investe, está emprestando o seu dinheiro para alguém que precisa da grana. Pode ser para o governo (quando compra um título público), um banco (quando a aplicação é em poupança, LCAs, LCIs) ou uma empresa (debêntures).
Com tanta gente interessada no seu suado dinheirinho, leva quem te pagar o maior rendimento, certo?
Para você é ótimo, mas para a economia é um mau negócio. Se uma construtora precisa pagar mais caro pelo crédito, o prédio custa mais e cai o número de pessoas que conseguem comprar um apartamento. Se o juro do financiamento imobiliário for alto, então, nem se fala. Há o risco de a construtora desistir e nem erguer o prédio.
Aqui entra a mãozinha do governo. Ele isenta o Imposto de Renda de alguns investimentos para pequenos poupadores, desde que esse dinheiro vá para setores que ele quer incentivar, como os investimentos no setor imobiliário e em infraestrutura.
Sem o imposto, o banco pode pagar um rendimento menor, e mesmo assim o investimento continua atrativo para você. Como ele te pagou menos, pode cobrar um juro mais baixo de quem pede o empréstimo.
Fizemos as contas: no app da corretora, um CDB (que paga IR) de um banco médio rendia 7,8% ao ano. Já uma LCI (isenta de IR) do mesmo banco tinha juro de 6,9% ao ano. Os dois investimentos têm o mesmo risco (o de o banco quebrar) e o mesmo prazo de vencimento. O que muda? A isenção do IR nas LCIs, claro. R$ 1.000 investidos por três anos na LCI viram R$ 1.221. Já no CDB, depois do desconto de 15% de IR, os R$ 1.000 se transformam em um pouco menos: R$ 1.214.
Por que o banco não emite só LCI, então? Porque o dinheiro de investimentos em LCI precisa ir exclusivamente para o setor imobiliário, e o banco empresta para outros negócios também.
O governo pode ter outros objetivos ao isentar impostos de investimentos. A caderneta de poupança foi criada por Dom Pedro 2º em 1861 para incentivar os mais pobres a poupar. Certamente a poupança não seria o investimento preferido do brasileiro se o então imperador tivesse decidido lá atrás que parte do lucro ficaria com a coroa.