O que o banco faz com o dinheiro que eu deixo na conta?
Spoiler: ele empresta e ainda multiplica o valor para girar a economia.
Ele empresta para outras pessoas. Um exemplo simplão: vamos dizer que você tem R$ 10 mil na conta. Aí o seu vizinho pede um empréstimo de R$ 10 mil no banco. O banco pega os seus R$ 10 mil e deposita na conta dele.
Mas claro: seu dinheiro não some. Ele continua aparecendo no seu saldo porque, caso você precise usar, o banco pega automaticamente das reservas dele para não te deixar na mão. Seu vizinho, porém, também terá esses R$ 10 mil na conta dele.
Nisso, o mesmo dinheiro estará simultaneamente em duas contas. Os R$ 10 mil originais se transformam magicamente em R$ 20 mil.
Aí o seu vizinho usa o empréstimo dele para comprar um notebook usado. A pessoa que vendeu o note deposita os tais R$ 10 mil na conta dela. Então o banco pega e empresta de novo, para outro sujeito, o seu Zé da floricultura. Ploft: a grana estará ao mesmo tempo na sua conta, na do vendedor do note e na do Zé da floricultura. Os R$ 10 mil se multiplicaram por três.
Isso é o que os economistas chamam de “multiplicador monetário”, ou “efeito multiplicador do crédito”.
Mas e aí? Seus R$ 10 mil seguem se multiplicando indefinidamente até se transformar em trilhões de reais? Não. Porque tem uma pegadinha que a gente não mostrou, para deixar a explicação mais fácil. O lance é que o banco não pode emprestar tudo o que você tem na conta. Quando você coloca R$ 10 mil lá, 21% ficam obrigatoriamente retidos no Banco Central. Isso serve para dar um limite ao multiplicador monetário.
De volta ao nosso exemplo. Quando o seu vizinho pede o empréstimo de R$ 10 mil, o banco só pode passar R$ 8.090 seus para ele (o resto vem de outros correntistas). Seus R$ 8.090 vão para a conta do vendedor do notebook, mas aí só R$ 6.546 do seu dinheiro original ficarão disponíveis ali para empréstimo. Depois de 44 operações, restam só R$ 0,89 da grana inicial no sistema financeiro.
Os outros R$ 9.999,11 estarão no BC. Esse depósito obrigatório no BC chama justamente “depósito compulsório”. Quem determina a porcentagem que os bancos precisam depositar ali é o governo, e ela varia: quanto menor o compulsório, mais dinheiro circula pela economia.