Não existe uma “cotação oficial” do dólar no Brasil. As transações rolam entre bancos e empresas – e entre bancos e pessoas físicas. Cada um cobra o que bem entender. Mas não se trata de uma liberdade anárquica.
Quando a cotação sobe demais, por exemplo, o Banco Central pode atuar no mercado vendendo moeda americana que tem em suas reservas. Isso aumenta a oferta de dólar na praça, e faz o preço cair.
“Atuar no mercado” é um conceito abstrato. Então vamos deixá-lo concreto aqui. O que o BC faz, no caso do nosso exemplo, é vender dólares para os dealers de câmbio. Apesar do nome, um tanto informal, os dealers são grandes bancos em que o BC confia – instituições que, pelos critérios da autarquia, não vão manipular o mercado, comprando dólar barato do Banco Central para revender (muito) mais caro. Então o BC só vende para eles.
O Banco Central concede o status de dealer para 14 bancos (veja abaixo). Eles respondem por 75% do mercado de câmbio brasileiro.
Pronto. Fim da introdução. Agora dá para responder que é o dólar Ptax. E é o seguinte: cada dealer cobra o que bem entender, certo? Então. O Banco Central consulta os 14 de sua lista quatro vezes por dia para saber qual é a taxa de câmbio que eles estão usando a cada momento. Esta é a agenda:
- Primeira consulta: entre 10h e 10h10.
- Segunda consulta: entre 11h e 11h10.
- Terceira consulta: entre 12h e 12h10.
- Quarta consulta: entre 13h e 13h10.
Ao fim de cada uma delas, o BC exclui as duas maiores e as duas menores cotações. Então calcula a média das 12 que sobraram e divulga em quatro boletins online. Cada uma dessas médias é o dólar Ptax do momento.
Terminadas todas as consultas, sai um quinto boletim, com a cotação média dos quatro anteriores. Essa será a Ptax do dia.
Esse mecanismo existe para tornar o mercado de câmbio mais transparente. Ao publicar as cotações médias, o BC estabelece uma referência para o mercado.
Tanto que os bancos usam a Ptax como base para as conversões de câmbio no cartão de crédito. O normal é cobrarem a Ptax – mais aquele spread muy amigo, que pode chegar a 7%. Num dia com Ptax a R$ 4,90, por exemplo, um banco que cobra 7% vai converter a R$ 5,24 – fora o IOF.