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O que é o DI Futuro?

São apostas do mercado financeiro que determinam os juros que os títulos públicos prefixados e IPCA+ estão pagando neste momento.

Por Tássia Kastner
Atualizado em 11 mar 2022, 12h52 - Publicado em 11 mar 2022, 12h34

Diariamente, bancos trocam entre si empréstimos de um dia só, que existem para que nenhuma instituição financeira durma no cheque especial.

Esse troca-troca de dinheiro é o Depósito Interbancário (DI). Como todo empréstimo, há uma taxa de juros. Como o risco de um calote é virtualmente zero, o normal é cobrar algo muito próximo da Selic. Na prática, as taxas se equivalem. DI = Selic.

Os bancos pagam um juro pequeno: a Selic anual expressa em sua forma diária. Grosso modo, a taxa divida pelo número de dias úteis do mês (252 em 2022). Para uma Selic de 10,75% ao ano, então, temos algo próximo de 0,04% ao dia.

A gente sabe qual é a Selic hoje, mas não há garantia nenhuma de como ela vai estar daqui um mês, um ano ou cinco anos. Para o curtíssimo prazo, sem problemas. Só que bancos vivem de longo prazo. Quando você pega um crédito pessoal, o banco te dá dois anos para pagar. No financiamento do carro, três a quatro anos. Casa própria, até 30.

Se o juro sobe demais nesse período, o banco se estrepa. O mercado financeiro criou, então, um jeito de a galera se proteger: o DI futuro. São contratos que servem para negociar as taxas de juros dos próximos meses ou anos.

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Exemplo: um banco tem muitos financiamentos a 10% ao ano, e começa a temer que a Selic vá, tipo, para 15% lá na frente. O problema: o banco arruma dinheiro vendendo CDBs. E paga um valor próximo da Selic por essa grana. Se ele recebe 10% de um lado e paga 15% de outro, a conta não fecha.

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Para se precaver, ele pode comprar contratos de juro futuro a 10%. Quem vende isso? Alguém que aposta na queda da Selic. Se ela for a 7%, esse alguém ganha – pois irá receber a diferença de 3%.

No fim de fevereiro, por exemplo, o DI futuro com vencimento em janeiro de 2023 indica que o mercado financeiro aposta em Selic a 12,45% na virada do ano. Lá por 2030, os juros estão em 11,50%. Existem contratos com vencimento até 2037 em negociação na B3.

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Essa bolsa de apostas afeta não só o crédito, mas a rentabilidade dos seus investimentos de renda fixa. O DI futuro é a referência do mercado financeiro para negociar títulos públicos, como o Tesouro IPCA+ e o Tesouro Prefixado. Como o DI futuro muda todo dia, aquela taxa oferecida pelo IPCA+ (inflação mais 5,76% no Tesouro IPCA+ 2035, por exemplo) também varia o tempo todo.

Se o DI futuro estiver em alta, apontando para um DI/Selic maior nos próximos anos, ela sobe; se estiver em baixa, ela desce. Quanto maior estiver a taxa, melhor para comprar, já que você pode travar para si uma bela taxa de juros reais (acima da inflação) por décadas. É algo que o Tesouro Selic, título mais comum, não faz. Esse paga hoje os 0,04% ao dia. Quando (e se) a Selic voltar a 5%, pagará 0,02%. É isso.

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(Laís Zanocco/VOCÊ S/A)
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