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Como o Banco Central intervém para segurar a cotação do dólar?

Entenda de uma vez o que é swap cambial

Por Alexandre Versignassi
19 nov 2021, 08h58
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 (Luisa Videira/VOCÊ S/A)
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Tem dois jeitos. Vamos começar pelo mais simples. O dólar sobe quando há muita gente a fim de comprar moeda americana (por medo da inflação ou para tirar dinheiro do Brasil e investir no exterior). É uma questão de oferta e demanda.

O Banco Central tem mais de US$ 350 bilhões na forma de “reservas internacionais”, amealhadas em tempos de vacas gordas. Quando o dólar sobe demais, ele pega um pouco dessas reservas e vende no mercado financeiro. Isso amplia a oferta e faz a cotação cair (ou, pelo menos, reduz o ritmo da alta). É função do BC, afinal, manter o câmbio sob controle, evitando que momentos de pânico no mercado destruam o valor da nossa moeda.

Entre setembro e meados de outubro, desenhou-se um pânico. O dólar tinha subido 6%. O BC, então, pegou US$ 500 milhões das reservas e vendeu no mercado, para puxar as rédeas da cotação.

O nome desse tipo de operação é “venda de dólar à vista”. E elas são raras. A última, antes dessa de outubro, tinha rolado só lá atrás, em março. O BC evita sair vendendo dólares assim o tempo todo para não dilapidar as reservas. Sem elas, não temos mais nada, afinal.

O método mais comum de intervir no câmbio, então, é outro: via contratos de “swap cambial”. Swap quer dizer “troca”. Em vez de vender dólar para você, o BC te dá um contrato. Nesse contrato está escrito algo assim: “Prometo te dar R$ 1 milhão corrigidos pela variação do dólar, daqui a um mês. Em troca, você me paga R$ 1 milhão lá na frente mais a variação da Selic no período (no caso de um mês, dá menos de 1% de juro). Eis o swap, a “troca”.

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Que vantagem Maria leva em adquirir um contrato desses, em vez de comprar dólar no mercado de uma vez? Bom, se você comprar dólar no mercado, também vai perder a taxa Selic do período (já que ela só é paga para ativos em reais, como títulos públicos). Com o swap cambial, você deixa seu milhão investido, rendendo a Selic. Se o dólar subir mais do que a Selic, tranquilo, o BC banca a diferença. Já se o dólar cair, você perde de todo jeito. A questão é que só compra dólar ou contrato de swap quem acha que o dólar vai subir – quem acha que vai cair fica com reais de uma vez.

E tem algum risco de o BC não pagar a diferença, em caso de alta do dólar? Não. Porque o Banco Central tem o poder de emitir moeda. Essa medida causa inflação, já que joga mais reais no mercado. Mas é melhor do que dilapidar as reservas – medida de último recurso, para quando há pouca demanda até para o swap cambial. Para controlar a inflação, afinal, aumentam-se os juros. Repor as reservas é outra história: leva décadas.

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