Como funciona a distribuição de lucros do FGTS?
Já teve ano em que esse extra mais do que dobrou o rendimento do fundo. Veja o cuidado que você precisa tomar para não perder a sua parte de bobeira.
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço não deixa dinheiro parado. Ele também funciona como um banco. No final de 2020, esse braço da Caixa tinha R$ 570,3 bilhões em ativos – ou seja, na forma de investimentos.
Um terço costuma ficar em títulos públicos, entre outras aplicações de renda fixa. E também alimenta o FI-FGTS, um fundo com patrimônio de R$ 25 bilhões voltado para investimentos em infraestrutura.
Dois terços do bolo giram na forma de empréstimos imobiliários. Não estamos falando do lance de você usar seu FGTS para comprar um apartamento, mas de crédito mesmo. É basicamente a grana do FGTS que financia programas do tipo Minha Casa Minha Vida (rebatizado como Casa Verde e Amarela).
Os investimentos têm caráter social. São empréstimos que cobram juros abaixo da média do mercado. Mas dão lucro. Eles, mais a parte em renda fixa, produziram R$ 33,4 bilhões ao FGTS em 2020. Nesse mesmo período, a instituição teve R$ 25 bilhões em despesas – boa parte para pagar o rendimento obrigatório de 3% dos 88,6 milhões de cotistas, os brasileiros com alguma conta de FGTS para chamar de sua. Resultado: um lucro de R$ 8,5 bilhões.
96% disso (R$ 8,1 bi) foi distribuído aos cotistas em agosto de 2021, com base no saldo que cada um tinha em 31 de dezembro de 2020. Isso significou um rendimento extra de 1,86%, além dos 3% normais. O pagamento desse juro é na lata. Quem tinha R$ 10 mil na conta no último dia do ano passado ganhou R$ 186 em agosto. Quem tinha R$ 100 mil, R$ 1.856.
“Putz, eu saquei no dia 30/12 para dar entrada em um apartamento. Não levo nem um proporcional?” Não, não leva. A dica que fica é óbvia: se for usar o FGTS para um financiamento e o ano já estiver nos finalmentes, tente acertar as pontas para que o saque só role depois do dia 31.
Até quatro anos atrás, diga-se, tudo o que entrava de lucro no FGTS ficava no FGTS. A quantia que eles têm em ativos, então, é maior que o saldo somado dos cotistas – R$ 436,2 bilhões no final de 2020. De 2017 em diante, numa iniciativa do governo Temer, começou a distribuição, e ela tem variado entre 50% e 100% do lucro.