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Depressão e burnout são as principais causas de afastamento de professores no Brasil

Sobrecarga emocional, relações familiares frágeis e profissão precarizada revelam um cenário alarmante na saúde mental dos docentes

Por Da Redação
4 jul 2025, 15h00
Uma professora lecionando uma aula. Elas está de costas, com uma mão estendida e a outra, segurando uma folha de papel. Ela veste óculos e possui cabelos curtos.
 (skynesher/Getty Images)
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Mais de 150 mil professores da rede pública brasileira foram afastados de suas funções em 2023 por motivos relacionados à saúde mental, segundo levantamento da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) com base em dados do INSS. A principal causa dos afastamentos foi o esgotamento emocional, um quadro frequentemente diagnosticado como transtorno depressivo ou burnout. 

Embora dos persistentes sintomas como insônia, irritabilidade, apatia e crises de ansiedade, o adoecimento do educador segue muitas vezes invisível, mascarado pela rotina e pela idealização de que o professor deve ser resiliente a qualquer custo.

“Há uma romantização do sofrimento docente”, afirma o psicólogo e professor Jair Soares, fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT). “A depressão nos professores muitas vezes surge de forma silenciosa, como um cansaço emocional que não passa. São pequenos sintomas que vão se acumulando até a pessoa desaparecer de si mesma, mesmo estando presente em sala de aula”, pontua o especialista.

Segundo a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), o Brasil é o país com maior prevalência de transtornos de ansiedade no mundo e o quinto em casos de depressão. Quando esse quadro se cruza com o ambiente escolar, um dos mais estressantes segundo estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),  o resultado é alarmante: 72% dos docentes relatam já ter sentido sinais de esgotamento ou colapso mental.

Professores da educação infantil e dos anos iniciais são os mais vulneráveis. Para além das demandas pedagógicas, há pressões emocionais vindas da relação com as famílias dos alunos. “As famílias terceirizam completamente a educação emocional das crianças para a escola. Espera-se que o professor dê conta não só do conteúdo, mas também de acolher, formar valores e resolver conflitos que extrapolam o ambiente escolar”, diz Soares. “Isso cria um acúmulo psíquico que não é sustentável.”

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Dados do Censo Escolar e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) mostram que o número de licenciados no magistério tem caído nos últimos cinco anos, e entre os principais motivos para a desistência da carreira está a exaustão emocional. “O esgotamento dos professores não é só uma questão individual, é uma crise estrutural. Se não cuidarmos da saúde mental de quem educa, colapsam a base de toda a formação social”, conclui Soares.

A discussão sobre o adoecimento dos professores caminha, ainda de forma tímida, para dentro das secretarias de educação. Em São Paulo, por exemplo, um projeto-piloto iniciado em 2024 inclui acompanhamento psicológico gratuito a docentes em três diretorias regionais de ensino. Os primeiros relatórios indicaram uma redução de 32% nos pedidos de afastamento por questões psiquiátricas.

Para Soares, é urgente que se aprofunde esse debate com a sociedade. “A escola sozinha não pode sustentar o que é responsabilidade coletiva. O sofrimento de quem ensina deve ser visto com a mesma seriedade que se exige dos conteúdos ensinados em sala”, ressalta.

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