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80% das pessoas com deficiência consideram home office pré-requisito para vagas

Mas até 70% delas temem que as oportunidades de promoção e aumento acabem indo para os funcionários que frequentam o escritório. Afinal, é mais fácil mostrar serviço para o patrão se ele está no mesmo ambiente. 

Por Bruno Vaiano
Atualizado em 18 out 2024, 14h14 - Publicado em 13 jul 2022, 15h54
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 (fotostorm/Getty Images)
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Um relatório divulgado terça (12) pela organização britânica Work Foundation um braço da Universidade Lancaster que faz pesquisas sobre mercado de trabalho , mostra como home office pandêmico ajuda ou atrapalha a vida profisisonal de pessoas com deficiência.

Eles entrevistaram 406 trabalhadores com diferentes deficiências. 85% deles se sentiram mais produtivos trabalhando em casa e 80% afirmaram que o regime remoto ou híbrido se tornou um pré-requisito “essencial” ou “muito importante” ao procurar um emprego novo. 66% disseram que, no mundo ideal, gostariam de permanecer em suas residências por algo entre 80% e 100% da jornada de trabalho.

Apesar da preferência por razões práticas – essas pessoas, naturalmente, tendem a ter mais dificuldade com deslocamentos diários e com a permanência em ambientes mal adaptados –, 70,3% dos entrevistados com múltiplas deficiências (e 52,8% dos que tem só uma deficiência) temem que as oportunidades de promoção e aumento acabem indo para os funcionários que frequentam o escritório. Afinal, é mais fácil mostrar serviço para o patrão se ele está no mesmo ambiente.

O preconceito amplifica o problema: na Inglaterra, a diferença salarial média entre pessoas com e sem deficiência era de 11,7% em 2014 e subiu para 13,8% em 2021. Além disso, existe uma minoria de empresas que reluta em se responsabilizar pelas condições de trabalho dos empregados PcD quando eles estão em casa: 20% dos pedidos de melhorias (como, por exemplo, adquirir certos apetrechos para o computador e a mesa) foram negados.

“Muitos empregadores se recusavam a oferecer opções de trabalho híbridas ou remotas antes da pandemia – mesmo como exceções em situações razoáveis – o que provavelmente explica muito do número chocante de pessoas com deficiência desempregadas [no Reino Unido, só 52,7% dos PcDs têm emprego]”, diz Ben Harrison, diretor da Work Foundation. “É preocupante perceber que essas percepções pré-pandêmicas ainda afetam a experiência do trabalho para PcDs. Muitos temem que sua progressão na carreira e acesso a treinamento serão limitados se eles continuarem trabalhando de casa.”

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No Brasil, os números são piores: só 25% das pessoas com deficiência maiores de 14 anos estão empregadas. De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 do IBGE – os mais recentes que temos –, essa porcentagem varia bastante conforme o tipo de deficiência: 32,6% cegos e 25,4% surdos têm trabalho, contra 16,3% das pessoas com deficiências nos membros superiores e 15,3% nos membros inferiores. 

Um estudo detalhado baseado na Pesquisa Nacional de Saúde revelou ainda que as políticas de reserva de vagas em empresas nem sempre contribuem, na prática, para melhor a situação: “os empregadores optam por contratar deficientes sem limitações para cargos de maior remuneração e, assim, cumprem as determinações da política de cotas para pessoas com deficiência, sem que sejam necessários ajustes significativos na infraestrutura ou nas rotinas de trabalho.”

 

 

 

 

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