Por que trabalhamos cinco dias por semana?

TRABALHO

Trabalhar cinco dias por semana e folgar os dois restantes é algo tão normalizado no mundo todo que parece uma construção natural. Não é. O padrão de labuta e descanso é relativamente recente.

O que é, sim, enraizado na humanidade são os ciclos de 7 dias. Numa época em que a religião dominava, só um deles ficava reservado para o repouso. Para os cristãos, o domingo; judeus, o sábado.

Foi só no final do século 19, quando a tecnologia permitiu automatizar partes da produção nas fábricas, que começou a ser possível vislumbrar um final de semana maior.

Primeiro foi na Inglaterra, depois nos Estados Unidos. A grande virada aconteceu em 1926, com Henry Ford.

Foi uma jogada de mestre do empreendedor: aumentar o descanso dos trabalhadores industriais seria bom para a economia como um todo porque eles aproveitariam o tempo livre consumindo. 

“Quem tem mais lazer precisa de mais roupas”, Ford escreveu na época. “Eles comem uma variedade maior de alimentos [nos dias de folga], e precisam usar mais os veículos.”

Dois anos depois, grandes sindicatos já incluíam essa redução na jornada nas suas reivindicações, e o fim de semana de dois dias foi gradualmente tomando conta do universo do trabalho. 

A adoção da semana de “apenas” cinco dias úteis fez crer que esse seria só o começo. Em 1930, o economista John Maynard Keynes previu que a jornada seria reduzida para apenas quinze horas semanais.

Richard Nixon chegou a dizer, em 1956, quando era vice-presidente dos EUA, que a semana de trabalho de quatro dias chegaria “em um futuro não tão distante”.

Não rolou. Mesmo que a média de horas trabalhadas venha diminuindo gradualmente (em especial nos países desenvolvidos), quintar na sexta sempre pareceu uma utopia. Mas isso está mudando.

Nos últimos meses, vários países anunciaram experimentos para testar uma jornada de trabalho de quatro dias. Até agora, os resultados têm sido promissores. A ver.

vocesa.com.br

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