O objetivo de uma recompra costuma ser cancelar as ações. Para entender isso direito, você precisa ter claro na cabeça qual é a razão de existir de uma ação.
Partamos para o realismo fantástico: eu tenho uma van de cachorro-quente cheia de clientes. Tenho certeza de que, se comprar mais cinco vans, vou me dar muito bem.
Preciso de R$ 250 mil para isso, mas não tenho o dinheiro. Então vou atrás de sócios: divido meu negócio em 10 mil partes. Cada parte vai dar direito a 1/10.000 do lucro da minha futura rede de vans.
Fico com 5 mil ações, 50%, para garantir minha parcela dos ganhos, e vendo as outras 5 mil na rua a R$ 50 cada uma. Levanto os R$ 250 mil e a minharede vira um sucesso.
O lançamento das ações foi fundamental para que o negócio crescesse, mas esse dinheiro está saindo caro agora: tenho que distribuir metade dos meus lucros para o resto da vida.
Como agora dinheiro não é mais problema, faz todo o sentido eu dar um jeito de recomprar, nem que seja uma parte. Então vou lá, compro mil ações de volta e toco fogo nelas.
A empresa de vans passa a ter 9 mil ações. Minha parte, de 5 mil, agora equivale a 55% das ações. Passo a ter direito a uma fatia maior dos lucros da minha própria empresa.
Acontece o tempo todo no mercado de verdade. Petrobras, Vale, Bradesco, Santander, Ambev e JBS anunciaram grandes recompras recentemente.
Lá fora, isso é ainda mais comum. A Apple compra de volta entre 3% e 4% de suas ações no mercado todo ano. Só em 2021, gastaram US$ 85 bilhões nisso.
Para os demais acionistas é um ótimo negócio. Cada ação que sobra na sua mão passa a dar direito a uma fatia maior dos lucros. Logo, o preço delas tende a subir.