“Se todo mundo pular pela janela, você vai pular também?” Hum… Nossas mães estavam erradas na formulação dessa pergunta retórica.
Provavelmente você pularia junto. A culpa é da evolução. Somos animais sociais. Se todo mundo sair correndo, sentimos uma pulsão violenta de ir junto.
No ambiente selvagem, no qual a humanidade passou 99,9% de sua história enquanto espécie, essa costuma ser a melhor pedida.
Pode ter aparecido um predador, e só você não viu. Seguir a manada é um instinto de sobrevivência. E se a manada zarpar para um precipício, azar.
Acontece o tempo todo no mercado financeiro. Um dos casos mais notórios foi a Bolha da Internet, entre 1996 e 2000.
O índice Nasdaq subiu de 1.000 para 5.000 pontos, uma alta de 400% – absolutamente incomum para um índice que, na época, contava com 4.875 empresas (hoje são 3.566).
Quanto mais companhias existem num índice, menos volátil ele fica, já que as altas e baixas de cada uma das ações cancelam-se mutuamente.
Tínhamos ali uma alta generalizada. Puro efeito manada. Todo mundo estava maravilhado com as possibilidades que a internet poderia trazer.
Cada vez mais companhias entravam na Nasdaq, seguidas por hordas de investidores prontos para apostar suas fichas nelas.
Boa parte delas, porém, sequer tinha um modelo de negócios: na ausência de faturamento, divulgavam números de audiência nos balanços.
Em meados do ano 2000, a ficha caiu, e a manada passou a correr na direção oposta. Entre junho e setembro daquele ano, o índice desabou para os 1.000 pontos.
Quem tinha entrado no auge, perdeu 80% do dinheiro. Pois é: o efeito manada se torna mais agudo nos movimentos ladeira abaixo.