Pense em um restaurante médio, que fatura uns R$ 50 mil por mês e dá 15% de lucro. Nas últimas semanas, muitos clientes desistiram e foram embora sem comer porque o atendimento demora.
Também, pudera: o lugar só tem um garçom. O dono, então, contrata mais uma pessoa para o salão. E dá certo. O faturamento sobe para R$ 55 mil e a margem de lucro vai a 17%.
O patrão pensa: “Será que adianta chamar mais um?” Ele contrata o terceiro garçom e então vem uma surpresa ruim: o lucro cai em vez de aumentar, e o faturamento fica praticamente estável.
Isso acontece porque dois garçons são suficientes para a clientela do local. Com um trio, o total de trabalho se dilui entre mais pessoas, e cada uma delas passa mais tempo ociosa.
Se o dono quiser aumentar o faturamento, terá de atacar em outras frentes: aumentar o salão, contratar mais cozinheiros, investir em publicidade para atrair um público maior etc.
Essa regra vale para tudo: não adianta comprar mais uma colheitadeira se sua fazenda é pequena. A Apple pode contratar o dobro de gênios de exatas do MIT, mas o próximo iPhone não vai ficar 2x melhor.
Economistas como os ingleses Thomas Malthus e David Ricardo, lá no século 18, já enunciavam esse princípio. Que, vale dizer, não se aplica só à administração de empresas.
Por exemplo: sabe-se que o IDH aumenta em função do PIB per capita – ou seja, quanto mais rica é a população de um país, mais sua qualidade de vida aumenta.
Mas IDH tem limite (que é 1), e quanto mais um país se aproxima desse limite platônico, mais difícil conquistar mais pontos.
A Suíça, com 0,962, dificilmente vai conseguir adicionar mais do que 0,010 ou 0,015 em seu score, que já é ridiculamente alto.
Bem diferente da China, que fez seu IDH saltar de 0,490 em 1990 para 0,760 hoje – uma alta de 55% – enquanto seu PIB de fato cresceu 4.700%.
Com um ponto de partida tão ruim, a melhora foi muito rápida e sensível. É como se a China tivesse um garçom só em 1990. E a Suíça já estivesse com os três.