“Arbitragem” é o jargão financeiro para explorar diferenças no preço de uma mesma coisa em mercados diferentes.
É o carry trade (“carregamento” em economês do Brasil).
A forma mais tradicional de arbitragem envolve juros.
Funciona assim: você pega emprestado num país que cobra juros baixos, investe num outro que paga juros altos, paga o empréstimo e embolsa a diferença.
André Jacurski e Paulo Guedes (ele mesmo), então sócios do antigo Banco Pactual (atual BTG Pactual), fizeram uma bela grana com isso no início do Plano Real.
A taxa básica de juros da época estava em mais de 60%. Nos EUA, os juros do Fed eram de 5,5%.
Os então sócios do Pactual passaram a pegar dólares emprestados a taxas próximas desses 5,5% (uns 7%, digamos) e converter em reais.
Como o governo da época garantia a paridade entre o dólar e o real, funcionava como receber 60% de juros em dólar.
Então adquiriam títulos públicos aqui que pagavam 60%.
Pagavam US$ 10,7 milhões e pronto: a diferença de US$ 49,3 milhões virava lucro.
Em um ano, US$ 100 milhões emprestados viravam US$ 160 milhões.
Parece dinheiro fácil. E é mesmo.
Mas havia risco: se o Plano Real não tivesse dado certo, o real teria desvalorizado abissalmente da noite para o dia, e a dívida em dólar ficaria impagável.