O que está acontecendo com o mercado imobiliário chinês?

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Na China, quase 25% do seu PIB são imóveis. O dado ajuda a entender porquê uma crise no mercado imobiliário é uma ameaça estratosférica para a economia do país. A seguir, entenda o que está rolando:

De uns tempos para cá, as construtoras começaram a andar numa corda bamba contábil. Em princípio, elas vendiam casas na planta e usavam o dinheiro dos clientes para construí-los. Normal.

A grana que sobrava ia, por exemplo, para comprar terrenos e dar início a novos empreendimentos. Se faltasse dinheiro em algum momento, era fácil conseguir empréstimos com o governo.

Em agosto de 2020, o cenário mudou. Pequim notou que várias construtoras não tinham condições de pagar o que deviam, e impôs restrições ao tamanho da dívida de empresas do setor.

Com muito dinheiro já comprometido em novos terrenos, essas empresas não tinham dinheiro em caixa para construir os apartamentos que prometeram. 

Aí as construtoras passaram a usar dinheiro de novos compradores para terminar a construção de imóveis já adquiridos por clientes antigos. Tipo um esquema de pirâmide involuntário.

As construtoras se viram presas entre uma crise de liquidez: os preços passaram a cair porque não havia mais tantos compradores.

E rolou também um boicote: os clientes que já haviam comprado imóveis pararam de pagar as parcelas em protesto quando perceberam que não veriam a cor de seus apês.

28 dessas empresas deram calote ou entraram em algo equivalente a uma recuperação judicial.

Em novembro, a Bloomberg revelou que Pequim tem planos de salvar o setor com uma injeção monstruosa de dinheiro, em vez de deixá-lo afundar.

O Banco Industrial e Comercial da China (ICBC) vai ceder US$ 92 bilhões para 12 empresas. Somando empréstimos de outras instituições estatais, o total será de US$ 162 bilhões.

O problema é que o resgate vai aumentar ainda mais o déficit das empresas com o governo - essa bola de neve de dívidas machuca a capacidade de investimento do setor imobiliário. 

vocesa.com.br

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