Afeta. Um fundo com come-cotas, taxa zero e rendimento médio de 10% ao ano transforma R$ 10 mil em R$ 12.733 líquidos ao longo de três anos, depois da saraivada de impostos.
Num CDB equivalente, que não tem come-cotas, dá R$ 95 a mais: R$ 12.828.
Os juros são iguais também, e não rolam taxas nem em um nem no outro. Por que, então, o CDB dá um teco a mais? Porque o come-cotas atrapalha a magia dos juros compostos.
A coisa é um adiantamento do imposto de renda que incide sobre os fundos de renda fixa e multimercado. Ele cobra 15% sobre o rendimento a cada 6 meses, no último dia útil de maio e de novembro.
Vamos dizer que, em dezembro, você colocou R$ 10 mil num fundo DI que esteja dando 10% ao ano. Dá 0,798% ao mês. Ao fim de 6 meses, em maio, seu saldo será de R$ 10.490.
Mas aí vem o come-cotas, e digere 15% desse rendimento de R$ 490. Seu saldo, então vai cair para R$ 10.416.
É sobre esse montante que os juros de 0,798% mensais vão incidir, não sobre os R$ 10.490. Seis meses depois, vem outra pancada na cabeça dos juros compostos.
Num CDB, ou qualquer outra coisa que não tenha come-cotas, a cobrança dos 15% vem só quando você saca (caso isso role após 720 dias, se não a taxa é maior).
Caso você deixe a grana investida por seis meses, vai dar na mesma. Passou disso, o CDB começa a ganhar dos fundos. Quanto mais tempo, maior a vantagem.
Em cinco anos, por exemplo, R$ 100 mil numa aplicação sem come-cotas que paga 10% a.a. se transformam em R$ 152,2 mil. Em uma com o come, daria R$ 150,4 mil. R$ 1.800 de diferença.