Sofia Kercher

Restituição do IR: Como aproveitar o dinheiro para se organizar financeiramente

FINANÇAS PESSOAIS

Há marco histórico para a restituição do Imposto de Renda em 2025. No total, 6,2 milhões de brasileiros receberão R$ 11 bilhões de volta do Leão: o maior valor já depositado na história para a maior quantidade de contribuintes.

Com essa bolada, distribuída ao longo de cinco lotes, quase 7 a cada 10 brasileiros pretendem honrar algum compromisso financeiro, como dívidas, contas inesperadas ou pendências que levaram ao nome sujo.

É o que mostra um levantamento da Serasa junto ao Opinion Box, feito com quase 2 mil consumidores em maio deste ano. Número esse, vale dizer, que aumentou significativamente do ano passado para cá (em que 45% utilizaram a grana para esta finalidade).

Mas pagar (ou não) qualquer tipo de dívida requer um planejamento estratégico. É isso que argumenta o consultor financeiro Renan Diego, que divide essa categoria de gastos em dois espectros: dívidas "boas"(como financiamento de uma casa ou automóvel, por exemplo), e dívidas "ruins", como as do cartão de crédito ou contas em atraso.

Com os dados do Fisco, é possível calcular o valor médio da restituição este ano: R$ 1.746 por pessoa. Representa um aumento de 70% em relação a 2024, quando a média foi de R$ 1.024. Mas a amplitude do valor é significativa: o ideal é checar caso a caso no site da Receita Federal.

Com base nesse valor, está na hora de fazer um raio-X inicial das suas finanças. Isso deve te mostrar se há um orçamento mensal para aquele gasto recorrente ou não.

Se você está apertado nas parcelas do financiamento de um carro, apartamento, casa ou outro bem material, por exemplo, vale investir o valor da restituição para reduzir a chance perder aquele bem (e o dinheiro investido nele).

"Se houver parcelas em atraso, o valor da restituição pode ser útil em momento crítico, especialmente no caso de bens que correm risco de serem leiloados", aconselha Diego.

Essa técnica é chamada de "bola de neve" por Mila Gaudencio, economista consultora financeira do will bank. Segundo a especialista, começar a quitar as menores pode trazer um fôlego importante na recuperação da sua conta bancária.

"Essa confiança é fundamental para espantar a vergonha e desânimo nesta situação. Se ela está em falta, recomendo esse caminho", diz. Afinal, o preço da sua paz pode ser o preço desta dívida.