Da Redação

Namoro no trabalho: como o RH deve agir com ética e equilíbrio

CARREIRA

No dia 1º de setembro, a Nestlé anunciou a demissão do CEO Laurent Freixe. A decisão foi tomada após uma investigação revelar que ele mantinha um relacionamento secreto com uma subordinada, o que viola o código de conduta da empresa.

"Foi uma decisão necessária. Os valores e a governança da Nestlé são alicerces fortes da nossa companhia", disse Paul Bulcke, presidente do Conselho de Administração da empresa em comunicado oficial.

Mas, certamente, o departamento de Recursos Humanos da Nestlé não é o único a se deparar com essa questão delicada: como lidar com casais que se formam dentro da própria empresa?

Embora os relacionamentos afetivos entre colegas de trabalho não sejam novidade, a forma como as organizações lidam com esse tema ainda é motivo de dúvidas.

E, em alguns casos, de conflitos silenciosos que comprometem o clima organizacional.

Para Alexandre Slivnik, vice-presidente da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento, o ponto central da discussão não é proibir ou incentivar o namoro no trabalho.

Mas garantir que as relações não afetem a ética, a transparência e os resultados da equipe.

“Relacionamentos entre colegas são naturais. Mas é papel do RH e da liderança criar diretrizes claras para que isso não gere favorecimentos, conflitos de interesse ou desequilíbrios na dinâmica da equipe”, afirma.

De acordo com uma pesquisa da Society for Human Resource Management (SHRM), 27% dos profissionais americanos já se envolveram romanticamente com alguém do trabalho.

No Brasil, os números são ainda maiores. Um estudo do InfoJobs revelou que 42% dos profissionais já tiveram ou têm um relacionamento com alguém do ambiente corporativo.

O dado, segundo Slivnik, mostra que o tema não pode ser ignorado. “Fingir que o assunto não existe é um erro. O ideal é tratar com naturalidade e respeito, mas com regras claras”, diz.

Segundo o especialista, empresas que mantêm uma cultura de confiança e comunicação aberta conseguem lidar com o tema com mais leveza e maturidade.

O especialista afirma ainda que um ambiente saudável é aquele que entende que os colaboradores não deixam sua vida pessoal na porta da empresa.

“Quando as relações humanas são tratadas com respeito e maturidade, o engajamento aumenta. E isso vale para qualquer tipo de vínculo: amizade, admiração, parceria — e, sim, também para o afeto”, conclui.