Da Redação

Chronoworking: conheça a modalidade de trabalho que respeita seu relógio biológico

CARREIRA

No ano de 1962, o cientista francês Michel Siffre, na época com seus 23 anos, decidiu realizar um dos experimentos mais conhecidos e comentados pela sociedade civil e comunidade científica até hoje.

O jovem, obstinado por descobrir mais informações sobre os ritmos naturais da vida humana, passou dois meses dentro de uma caverna a 130 metros da superfície -- sem luz solar, sem relógio e sem companhia.

Uma equipe ficou posicionada na entrada da caverna, e era avisada do momento em que ele acordava, se alimentava e sentia sono (uma via de comunicação de mão única, para não dar ao cientista qualquer pista sobre que horas eram). Ao final do experimento, calculou-se a média do ciclo diário de Siffre: 24 horas e 30 minutos.

Mesmo sem luz, seu corpo respeitava uma espécie de tempo interno. Ali, comprovou-se a existência do chamado relógio biológico. E criou-se uma nova área de estudos, que investiga o impacto do tempo na vida do ser humano: a cronobiologia.

Se o tempo afeta o seu sono e sua alimentação, não é preciso muito para inferir que ele afeta (e muito) o seu trabalho. Ao menos é isso que defende a jornalista Ellen C. Scott, que cunhou o termo chronoworking (ou chronotrabalho, na tradução do inglês).

A ideia é que os empregados ignorem os horários ditados pelas empresas e escolham seguir uma agenda que melhor se encaixe ao seu "cronótipo". Vide o tempo natural em que nossos corpos querem acordar e dormir.

Segundo o psicólogo americano Michael Breus, existem quatro cronótipos, baseados em picos de produtividade. Segundo o pesquisador, 55% das pessoas atingem o pico no meio do dia (10h às 14h); 15% são mais produtivos de manhã; 15%, tarde da noite; e 10% têm um ritmo irregular, que varia de um dia para outro.

Claro, a norma nas empresas ainda é o horário comercial, das 9h às 18h (inventado pelos sindicatos americanos há mais de 100 anos, diga-se). Isso significa que há uma parcela significativa de trabalhadores que estão operando fora de seu pico de desempenho.