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Por que este CEO decidiu fazer lives diárias em plena pandemia

Eduardo Henrique, presidente da Wavy, percebeu que falar com frequência se tornou uma ferramenta importante para controlar a ansiedade dos times

Por Mariana Poli, da VOCÊ S/A
Atualizado em 15 dez 2020, 08h55 - Publicado em 7 Maio 2020, 15h00

Em março, a gestão da Wavy, empresa especializada em customer experience do grupo Movile, detentor de marcas como iFood e PlayKids, marcou uma reunião global de resultados. Pouco antes do evento, a companhia enviou champanhe e chocolate para a casa dos 300 funcionários em quarentena.

Quando o encontro virtual começou, líderes avisaram que, na verdade, tratava-se de uma happy hour para comemorar o encerramento do ano fiscal – com margem bruta de lucro de R$ 130 milhões. Em vez de encarar uma convenção burocrática sobre números, os empregados assistiram a uma banda tocando ao vivo para eles.

Em tempos de pandemia e afastamento social, a Wavy vem realizando uma série de ações para manter o alinhamento e o engajamento dos times. Há ginástica laboral guiada toda quarta-feira, meditação e ioga toda sexta-feira, envio de iFood Card no valor de R$ 100 e clube do livro para debater obras literárias. Mas o que chama a atenção mesmo são as lives com o CEO, Eduardo Henrique, que entra ao vivo todos os dias para conversar com os funcionários e acalmar os ânimos esclarecendo dúvidas e dando notícias sobre o negócio.

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“Logo no começo da crise, o Patrick Hruby e o Fabricio Bloisi [CEO e presidente do conselho da Movile, respectivamente] chamaram todos os CEOS do grupo e disseram: ‘Nossas prioridades começam pelas pessoas’. A partir daí, derivamos várias ações. Em 24 horas, preparamos a organização para atuar remotamente e, em 11 de março, recomendamos home office para todo o time”, diz o executivo.

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Ao colocar os empregados para atuar de seus lares, longe da operação e dos colegas, Eduardo se deparou com um problema: o índice de ansiedade na companhia havia crescido (e muito). Foi quando ele decidiu que faria lives diárias para amenizar as inquietações dos trabalhadores, assustados com a crise sanitária e suas consequências para a economia.

De sua casa em Miami, onde vive atualmente, Eduardo – que se mudou para os Estados Unidos oito anos atrás para fundar o escritório da Movile no Vale do Silício – contou para VOCÊ S/A como conduz a iniciativa e o que essas conversas com o time o ensinaram até aqui.

Por que você decidiu fazer lives todos os dias para os funcionários?

Na primeira semana de home office, notamos níveis de estresse e ansiedade altíssimos. Tínhamos pessoas que não estavam prontas para trabalhar de casa e líderes que nunca haviam comandado times em home office. A insegurança aumentou muito. Como fico em Miami e toco a empresa remotamente, eu já divulgava na intranet toda sexta-feira um vídeo com um resumão da minha semana: em quais projetos estava trabalhando, que livro estava lendo, o que estava estudando, que oportunidades estava enxergando. Quando percebi a inquietação das pessoas, decidi atualizar esse ritual para todos os dias.

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Como funcionam essas transmissões?

Faço via Workplace, ferramenta do Facebook. E peço que as pessoas enviem perguntas. Há um ano e meio, mantenho um canal anônimo de conversa com o CEO, numa ferramenta chamada sli.do. Abro esse canal uma vez ao dia e entro ao vivo para responder perguntas e falar sobre a companhia. E sou honesto. Digo que estou preocupado, que não consigo prever o que acontecerá com nossos clientes ou com nossa receita. Ao fazer isso, as pessoas ficaram mais seguras e menos ansiosas. Falar a verdade com brutal transparência elevou a confiança do time.

Você sabe que o clima melhorou empiricamente ou há alguma mensuração?

Temos uma ferramenta. O nome dela é Ada, nossa funcionária virtual.

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É um robô?

Sim. Ada é um robô treinado para responder e fazer perguntas via WhatsApp aos nossos nerds [como os funcionários da Wavy se autodenominam]. Ela indaga coisas como: você se sente apoiado pelos outros membros da equipe no seu home office? E há botões de ‘sim’ ou ‘não’. Isso foi essencial para monitorar os humores da companhia. A Ada se tornou nossa ferramenta de pesquisa mais eficaz: 89% das pessoas respondem às questões dela nos primeiros cinco minutos para não deixá-la falando sozinha.

Que aprendizado essas lives lhe trouxeram?

Nós passamos a entender muito melhor a realidade das nossas pessoas. Tinha gente em nosso time sem internet, mesa para trabalhar ou sequer uma cadeira. Alguns moram com cônjuge, pais e crianças pequenas no mesmo apartamento. Todo mundo está com problema pessoal em meio a esta crise. Ao entender a realidade do outro, nós nos tornamos mais empáticos. Por isso, tenho repetido sempre, sobretudo para a liderança: ‘Tenham empatia, porque a realidade do outro lado do computador pode ser bem diferente da sua’.

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Você falou sobre “transparência brutal”. Não há receio das informações negativas gerarem efeitos colaterais?

Eu falo absolutamente tudo que não é confidencial por contrato. O grupo Movile acredita que a transparência é fundamental para ter velocidade e inovação. Quanto mais a informação flui, mais alinhados estaremos e mais rápido reagiremos ao mercado. Se você passar uma semana aqui, certamente ouvirá o Fabricio [Bloisi, fundador do grupo e presidente do conselho], usando a expressão ‘face the brutal facts”, ou seja, encare a realidade nua e crua. Uma das perguntas que mais recebo é: ‘Quando voltaremos ao escritório?’. Respondo: ‘Não sei. E, se alguém disser que sabe, duvide’.

Esse tipo de sinceridade não abala sua autoridade?

Acredito que a transparência aumenta minha proximidade e minha credibilidade junto ao time. Não tenho medo de conversas difíceis. Todas as empresas possuem áreas, regiões e produtos que estão indo bem ou mal. E falamos abertamente sobre isso com números, dados e fatos. Meu trabalho é ser o chato, apontar o que está não está funcionando bem. Acredito que, quanto mais escancaramos os problemas, mais os resolvemos.

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Por fim, se você pudesse dar um conselho de liderança, qual seria?

Quem sabe o que está acontecendo na empresa não é o CEO, são as pessoas na linha de frente. O CEO precisa sair da cadeira e conversar com funcionários e clientes. As pesquisas de clima são uma baita fonte de informação. Mas muita coisa vem da Rádio Peão. É lógico que você não consegue falar com todo mundo, mas conversar frequentemente com pessoas de áreas diferentes é algo viável. Eu futrico o tempo todo para descobrir coisas. E falo para meus funcionários: ‘Vocês têm meu WhatsApp e acesso à minha agenda, se me acionarem por causa de um problema real, ganharão um aliado’.

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