Executivos devem se conectar com subordinados
Entender preocupações dos outros é uma das primeiras lições de liderança - e uma das mais esquecidas
“Você precisa entrar no mundo deles.” Esse é o conselho de Falstaff ao rei Henrique IV, na peça de mesmo nome, de William Shakespeare. Para comandar uma nação ou um negócio, é preciso entender as preocupações pessoais e emocionais dos outros. Essa é uma das primeiras lições de liderança — e uma das mais esquecidas.
Leo Varadkar, o primeiro-ministro mais jovem da Irlanda, tem 38 anos, origem indiana, e se revela abertamente homossexual. Numa sociedade tão conservadora como aquela, sua vitória teria sido impensável há dez anos. Sua eleição se deve a uma campanha com base nas preocupações diárias e pessoais dos irlandeses, e não em números e estatísticas. Por exemplo: “Você conhece alguém de diferente orientação sexual ou etnia em seu ambiente? Ele ou ela não merece tratamento igual na sociedade?”
O mesmo vale para Donald Trump, nos Estados Unidos. Ele expressou a ira das comunidades brancas privadas que pensam que seus problemas são provenientes da globalização. Sua campanha foi emocional e fez com que os eleitores sentissem que ele era um deles. Enquanto isso, Hillary Clinton respondeu com estatísticas econômicas.
Na Grã-Bretanha, os que estavam a favor de permanecer na União Europeia cometeram o mesmo erro: responderam aos “brexiters” com teorias políticas presunçosas. Teria sido mais eficaz falar sobre as oportunidades perdidas pelos jovens numa Europa fechada ou sobre o pesadelo administrativo daqueles que trabalham ou viajam entre o Reino Unido e o continente europeu. As pessoas não estão interessadas em estatísticas econômicas, déficits orçamentários ou dívidas de um país. Isso não significa nada tangível em sua vida diária.
Os líderes empresariais enfrentam um problema semelhante. Aumentar a rentabilidade do negócio, reduzir custos, melhorar os processos de fabricação, otimizar a produtividade raramente despertam o entusiasmo dos trabalhadores. Eles estão mais interessados em sua vida e em seu desenvolvimento.
Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, disse em um discurso na Universidade Harvard: “Para manter nossa sociedade em progresso, temos um desafio geracional: não somente criar empregos mas também criar um sentido de propósito renovado (…). Mas não basta ter um propósito. Você deve criar uma sensação de propósito para os outros”.
Líderes que se esquecem de entrar no mundo de outros pagam por se isolar. Geralmente, eles não sobrevivem por muito tempo porque estão desconectados das aspirações emocionais daqueles que comandam. Como o presidente Franklin Roosevelt disse: “É uma coisa terrível olhar por cima do ombro quando você está liderando e descobrir que não há ninguém lá!”