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Vale e Tesla mostram por que investidores estão desnorteados

Mineradora brasileira produziu e vendeu menos. Já a Tesla cresceu – e vendeu 75% dos seus bitcoins com prejuízo de US$ 189 milhões.

Por Júlia Moura, Tássia Kastner
Atualizado em 20 jul 2022, 17h55 - Publicado em 20 jul 2022, 17h54

O motor da bolsa (e de boa parte da economia) brasileira está mais fraco do que o esperado. Segundo a Vale, o mar não está para minério, do jeito que se esperava depois dos lockdowns eternos na China e ameaças de recessão global. Já a Tesla, que também sofreu os efeitos das fábricas fechadas por ordem de Xi Jinping, se saiu melhor que o esperado. Resultado: Vale -2%; Tesla (no after market) + 2%.

Em seu relatório de produção e vendas, divulgado na noite de ontem, a Vale informou ter produzido e vendido menos no segundo trimestre deste ano do que no mesmo período de 2021. Pior: a mineradora ainda reduziu as estimativas de produção para este ano como um todo.

Em termos percentuais, a queda não foi tão brusca. A produção de minério de abril a junho  foi 1,2% menor e as vendas caíram 2,3%. Diante do cenário desanimador, a companhia reduziu a estimativa de produção de 2022 como um todo de 320 milhões de toneladas para 310 milhões de toneladas. O problema é a decepção depois de recordes consecutivos. As ações da Vale fecharam em queda de 2,16%.

O impacto financeiro dessa mudança de maré será conhecido apenas no balanço da companhia, que sai no dia 28 de julho. Os dados operacionais são só uma prévia. Mas não é preciso ser médium para saber que os trimestres de lucro recorde ficaram para trás. E não só para a Vale, para o setor de commodities como um todo. 

Com uma economia global enfraquecendo diante do combo inflação, altas nos juros e guerra na Ucrânia, a demanda por matérias-primas cai. Desde o pico de preços ocasionado pelo conflito, no início de junho, o índice da Bloomberg que mede o desempenho das commodities cai 15,2%. E lá se vai a nossa economia tupiniquim.

O Ibovespa conseguiu driblar a onda e escapou do caldinho nesta quarta. Cortesia das  techs, que estão escalando do fundo do buraco rumo à luz. Muitos investidores estão migrando de papéis ligados a commodities para ações tidas como mais promissoras, por mais que o cenário não seja lá animador. 

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Depois dos tombos de mais de 30%, elas estão relativamente baratas. Vale o mesmo para o Brasil, por sinal. Quem puxou a fila aqui foi a Locaweb, que subiu 15,54% hoje, e a Via, que ganhou 12,99%.

Não saiu do nada o otimismo. Veio dos EUA: ontem a Netflix divulgou números menos piores do que o esperado e a ação da companhia de streaming saltou 7,35% hoje. 

A estrela do dia, porém, foi a Tesla. Após o fechamento do pregão, a montadora divulgou que aumentou sua produção com novas fábricas, o que resultou num lucro 62% maior no segundo trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2021, batendo as estimativas do mercado. Em comparação ao primeiro trimestre de 2022, porém, o lucro líquido caiu 30% com lockdowns na China e aumento de juros. 

Com vendas mais fortes, a companhia se deu ao luxo de levar um preju de US$ 189 milhões em bitcoin. Ao fim do segundo trimestre, a Tesla se desfez de 75% dos bitcoins que tinha em caixa por US$ 936 milhões. Acontece que a empresa tinha comprado as criptomoedas em janeiro, por US$ 1,5 bilhão no total. E, 75% de US$ 1,5 bilhão é US$ 1,125 bilhão.

As ações da gigante de carros elétricos chegaram a saltar até 4% no after market, após a divulgação dos dados. 

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Pelo segundo dia, investidores decidiram voltar a acreditar na nova economia para sobreviver à recessão. 

Até amanhã.

Maiores altas

Locaweb (LWSA3): 15,54%

Via (VIIA3): 12,99%

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Magazine Luiza (MGLU3): 10,04%

Petz (PETZ3): 9,64%

CVC  (CVCB3): 7,18%

Maiores baixas

Weg (WEGE3): -3,60% 

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Hypera (HYPE3): -3,19%

RaiaDrogasil (RADL3): -2,87% 

Vale (VALE3): -2,16%

Suzano (SUZB3): -2,07%

Ibovespa: 0,04%, a 98.287 pontos

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Em NY:

S&P 500: 0,59%, a 3.959,95 pontos

Nasdaq: 1,58%, a 11.897,65 pontos

Dow Jones: 0,16%, a 31.878,20 pontos

Dólar: 0,74%, a R$ 5,4605

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