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Sem marcha ré, S&P se ajusta para segundo recorde do ano – em dois pregões

Ibovespa está preso entre pressão por reajuste de servidores e bagunça nos incentivos fiscais.

Por Tássia Kastner, Guilherme Jacques
4 jan 2022, 08h08

Bom dia!

A Faria Lima tem curtido o bordão “foguete não tem ré”. A verdade é que ele se aplica, nesse momento, aos mercados internacionais, mas não à sofrida B3.

Em Nova York, os contratos futuros das bolsas americanas se posicionam para mais um dia de alta, isso sem que exista uma notícia muito sólida para bancar a tendência. Tem mais a ver com o otimismo inebriante trazido por um novo ano. Se confirmado, significa que o S&P engatará dois recordes em dois dias de 2022 – em 2021, foram 70. 

Na Europa, as bolsas estão em alta, e o mercado colocou na conta de dados positivos de vendas no varejo da Alemanha e também o desempenho acima do esperado da produção industrial no Reino Unido. Eles se referem à novembro.

Enquanto isso, o Brasil continua sem boia de salvação. O noticiário econômico está tomado por dois temas: o primeiro, é a demanda de servidores públicos por aumentos salariais, com entregas de cargos de confiança e ameaça de paralisação. A crise foi gerada pelo próprio governo, que quis conceder reajuste apenas a policiais.

O segundo tema é a bagunça tributária. No apagar das luzes de 2021, o governo criou novos incentivos fiscais (como a isenção de IR no “aluguel” de aeronaves), prorrogou outros (como a desoneração da folha de pagamento para alguns setores) e ainda cancelou alguns, como o benefício à indústria química. O resultado é que empresários já estão articulando uma nova rodada de benesses, porque ninguém gosta de pagar impostos.

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Nisso, o país dá mais passos em direção ao abismo fiscal – o que empurra o Ibovespa para o buraco. Foguete que não decola não precisa se preocupar com marcha ré. Boa terça.

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humorômetro: o dia começou com tendência de alta

Futuros S&P 500: 0,58%

Futuros Nasdaq: 0,63%

Futuros Dow: 0,50%

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Agenda

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Hoje – Reunião da Opep+, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo. O cartel deve decidir se eleva a oferta da commodity a partir de fevereiro.

market facts

2021 implacável

O mítico fundo Verde, de Luis Stuhlberger, fechou 2021 no negativo, nessa que foi a primeira queda desde 2008. O tombo do ano passado foi menor, 1,11%, ante a baixa de 6,4% no ano da crise global. Segundo comunicado da Verde Asset, divulgado em novembro, a exposição do fundo ao Ibovespa (que caiu 11,9% no ano), o aperto na política monetária americana e o surgimento da Ômicron eram os fatores que influenciavam o desempenho dos investimentos. Desde a sua criação, em 1997, porém, os ganhos do Verde são de quase 18.000%.

Pitacos sobre o Nubank

As ações do Nubank subiram 6,4%, a US$ 9,98, depois que o papel entrou na lista de recomendações de compra de bancos de investimento – raramente alguém sugere vender ações que acabaram de estrear, é bom dizer. Para o Morgan Stanley, o Nubank tem um potencial de alta de 70% na bolsa neste ano. O Goldman Sachs também é otimista, e estima que o número de clientes, que em setembro deste ano estava em 48 milhões, chegará à marca de 108 milhões até 2025. Das instituições que passaram a acompanhar o Nubank, apenas o HSBC classificou o potencial dos papéis como neutro (ou seja, não comprar, mas também não vender). O banco teme uma piora na carteira de crédito do Nubank, com maior inadimplência. O risco está relacionado ao aumento de juros no país, à inflação em 10% ao ano e à crise econômica, que afeta a renda da população. 

Desde o seu IPO, quando se tornou o maior banco da América Latina, com valor de mercado de US$ 230 bilhões, as ações do Nubank ainda não levantaram voo. Logo na saída, os papéis chegaram a valorizar 31%. Depois do fechamento de ontem, porém, a alta acumulada era de apenas 10,9%.

Vale a pena ler:

Perspectivas para 2022

A Bloomberg reuniu mais de 500 perspectivas para investimentos em 2022. Spoiler: a palavra inflação aparece mais de 200 vezes e é a mais citada. As referências à Covid-19 são bem menores e estão ligadas à capacidade da vacinação de dar fim à pandemia. Veja o material completo aqui (em inglês).

De olho na eleição

O mercado financeiro e o setor produtivo já soltaram a mão da chamada terceira via para a eleição presidencial neste ano, segundo reportagem da Folha. O jornal ouviu representantes do setor que disseram não acreditar mais que nomes como João Doria e Sérgio Moro possam decolar nas pesquisas. As apostas já estão focadas em uma polarização entre Lula e Bolsonaro, com o petista despontando como favorito. A avaliação é de que o ex-presidente teria condições de montar uma equipe econômica com mais comprometimento fiscal e autonomia do que a atual. Leia aqui.

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