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Touro e urso travam braço de ferro histórico em NY. Em jogo, o futuro da economia global

No lado baixista, a ata do Fed indicando que os juros podem subir mais cedo por lá. No corner taurino, o menor número de pedidos de seguro desemprego em 52 anos.

Por Juliana Américo, Alexandre Versignassi
24 nov 2021, 19h17

No pregão seguinte à retirada do touro de fibra de vidro de frente da B3, quem teve um dia desafiador foi o touro de bronze lá bolsa de NY. Ele passou o dia num braço de ferro com seu antogonista, o urso, que simboliza as baixas do mercado (e não, não é porque o urso “ataca para baixo” e o urso “chifra para cima”, como está todo mundo dizendo, entenda aqui). 

Touro e urso travaram um braço de ferro hoje. O lado taurino ganhou o impulso de uma bela notícia (para os EUA e para o mercado global, que há 100 anos depende em grande parte da saúde da economia americana): o número de pedidos de seguro desemprego nesta semana foi o menor desde novembro de 1969. 

Sim, é o mais baixo em 52 anos. Na semana passada, o número de pedidos recuaram em 71 mil, para 199 mil. Bem abaixo da expectativa, de 260 mil.  

O governo americano também liberou os números atualizados do PIB no terceiro trimestre. O indicador registrou crescimento de 2,1%, quando comparado com o mesmo período do ano passado – praticamente em linha com as previsões, que apontavam para 2,2%. Se essa notícia não chegou a dar força para o touro, também não ajudou seu oponente. 

Já o  lado ursino ganhou uma força do Fed. Hoje, o banco central americano divulgou a ata da reunião de novembro e uma parte dele não tinha nada muito além do esperado: o banco central americano confirmou o início da retirada dos estímulos monetários que estava oferecendo desde o começo da pandemia. 

No início do mês, o Fed já tinha avisado que iria reduzir a compra mensal de títulos de dívida em poder dos bancos de US$ 120 bilhões para US$ 105 bilhões. E a cada mês outros US$ 15 bilhões deixariam de ser jogados no mercado.

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Até aí, nada de novo. O que deixou o Wall Street inseguro foi a informação de que alguns membros do Fed querem acelerar o ritmo do aperto monetário e assim conseguir aumentar as taxas de juros mais cedo, para combater a inflação (6,2% nos últimos 12 meses, a maior em 31 anos). Atualmente, os juros estão entre zero e 0,25%. E claro: uma alta nos juros é tudo o que o urso mais quer na vida.

Mas no final deu touro. Depois de passar parte do dia em baixa, os índices americanos ganharam força e resolveram sair para o feriado de Ação de Graças no positivo. O Nasdaq avançou 0,44%, aos 15.845 pontos. Já o S&P 500 subiu 0,23%, aos 4.701 pontos. 

Por aqui, idem: alta de 0,82% para o Ibovespa, que fechou aos 104.500 pontos, também depois de um braço de ferro inter-espécies.  

 

Pec no Senado

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Nosso grande urso, polar, gigante, é, claro, a novela da PEC dos precatórios, a proposta que, pelas contas do governo, abriria um espaço fiscal de R$ 106,1 bilhões para aumento de despesas em 2022.

O senador Fernando Bezerra apresentou o parecer sobre a proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. E o texto manteve as alterações já anunciadas ontem. 

Entre as mudanças está o caráter permanente do Auxílio Brasil de R$ 400. O plano do governo era oferecer o benefício só até o final de dezembro do ano que vem – e isso foi aprovado pela Câmara. Mas os senadores querem que o Bolsa Família turbinado seja um benefício permanente. 

O texto também determina um limite para o pagamento de precatórios. Em vez de pagar todos os R$ 89 bilhões de dívidas no ano que vem (o que seria basicamente impossível) a proposta joga para frente R$ 43,8 bilhões. Do montante que sobra, 40% deve ser pago até 30 de abril; 30% até 31 de agosto; e os outros 30% até 31 de dezembro.

O problema da coisa toda: essas medidas criam uma despesa eterna inspirada por uma política eleitoreira. Um auxílio mais substancial é importante para o país. Mas a aprovação de um aos trancos, jogando no lixo o teto de gastos e propondo cada vez mais pedaladas nas dívidas judiciais é algo que o mercado não engole. Nem deveria.  

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A votação da PEC na CCJ do Senado está marcada para semana que vem, no dia 30 de novembro. Caso seja aprovada, ela precisará retornar à Câmara.

No fim das contas, quem mais ajudou o touro brasieliro a bater o urso da PEC hoje foram as duas empresas de maior peso no índice.

Minério 

O minério de ferro está na sua quarta alta consecutiva. Desde sexta-feira passada, a commodity já subiu 12% – 3% hoje. A nova alta movimentou o setor de mineração e siderurgia – todas as empresas subiram. O destaque ficou com a Usiminas. A companhia avançou 3,48%. Já a Vale, que representa 11% das ações listadas no Ibov (ou seja, tem um peso significativo no rumo do índice), subiu 2,32%. 

A Petrobras, que representa outros 11%, também fechou em alta – de 2,05%. 

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A alta dos EUA no fim do dia também deu uma força para Ibovespa fechar quase 1% no azul. 

Nos próximos dois dias, porém, não vamos poder contar muito com NY. Amanhã as bolsas americanas estão de folga, não abrem. E na sexta-feira o pregão é mais curto. Resta ver se as commodities continuam com o seu papel de salva-vidas. 

Maiores altas

Locaweb (LWSA3): 5,30%

Banco Pan (BPAN4): 5,19%

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Banco Inter (BIDI11): 4,02%

Lojas Americanas (LAME4): 4,02%

Cogna (COGN3): 3,80%

Maiores baixas

Natura (NTCO3): -3,64%

PetroRio (PRIO3): -3,75%

Iguatemi (IGTI11): -2,94%

Rede D’Or (RDOR3): -3,12%

Grupo Soma (SOMA3): 1,99%

Ibovespa: 0,82%, aos 104.500 pontos

Em NY:

S&P 500: 0,23%, aos 4.701 pontos

Nasdaq: 0,44%, aos 15.845 pontos

Dow Jones: -0,02%, aos 35.805 pontos

Dólar: -0,25%, a R$ 5,6233

Petróleo

Brent: -0,07%, a US$ 82,25

WTI: -0,14%, a US$ 78,39

Minério de ferro: 2,92%, US$ 102,75 no porto de Qingdao (China)

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