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Petrobras diminui diesel. BBSA3 tem lucro histórico. E a inflação dos EUA dá mais um sinal de cansaço.

No Brasil, a temporada de balanços deixa a bolsa borbulhante e dá um golpe duro no varejo. Nos EUA, houve deflação no índice de preços ao produtor – sinal de que os preços ao consumidor podem entrar nos eixos.

Por Bruno Vaiano
Atualizado em 15 ago 2022, 18h06 - Publicado em 11 ago 2022, 18h12

A Petrobras reduziu o preço do diesel de novo – queda de R$ 0,22 por litro. O último reajuste havia ocorrido no dia 4 (foram R$ 0,20 a menos). Ou seja: só em agosto, o preço do combustível caiu R$ 0,42.  

Não foi só o diesel: os papéis da petroleira também caíram no pregão (PETR4, -2,32%) e ajudaram o Ibovespa como um todo a encerrar as operações no vermelho. NY não ajudou: os índices, por lá, também terminaram mal o dia. 

A Vale se segurou. Seus papéis fecharam em alta de 3,48%, graças ao aumento na cotação do minério de ferro (2,28% na bolsa de Dalian). CSN, Gerdau, Usiminas e o resto da turma do metal veio à reboque (CSNA3, 2,92%; GGBR4, 0,78%; USIM5, 1,22%). 

E deu a louca nos balanços: na noite de quarta (10), 17 empresas brasileiras divulgaram seus resultados trimestrais: 3R Petroleum, Aliansce Sonae, Banco do Brasil, Banrisul, Braskem, BRF, C&A, Equatorial Energia, Minerva Foods, MRV, Petz, Positivo, Santos Brasil, SLC Agrícola, SulAmerica, Taesa e Vittia Fertilizantes. 

Mais de 50 outras escolheram esta quinta (11) para dar satisfação sobre suas contas – algumas já soltaram o documento, outras seguram os resultados para depois do pregão (veja aqui a lista com as principais). Entre elas, está o trio de ferro do varejo: Magalu, Via e Americanas. 

As ações reagem à altura, pulando para lá e para cá com mais selvageria que o usual. 

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Destaque para o Banco do Brasil. A instituição criada por D. João VI em 1808 viveu um momento marcante de sua looonga história: lucrou R$ 7,8 bilhões no segundo trimestre – acima dos 6,8 bilhões previstos pelo mercado. Foi uma alta recorde de 54,8% em relação ao segundo trimestre de 2021. Bingo. As ações subiram 4,43%. 

Algumas empresas deram a mão, mas os investidores queriam o braço. A Petz (PETZ3), por exemplo, lucrou R$ 32,8 milhões e teve um desempenho 35,7% maior que o do segundo trimestre do ano passado. BTG Pactual e XP recomendaram comprar os papéis – mas, mesmo assim, eles desabaram -9,03%. 

Já a C&A (de fora do Ibovespa), que lucrou apenas R$ 2,1 milhões (97% a menos que no mesmo período do ano passado) ganhou um voto de confiança dos investidores, porque o esperado era um leve prejuízo. As ações fecharam o dia em 8,52%, e chegaram a registrar uma alta de 10% na hora do almoço. 

A Magalu reafirmou sua trajetória triste no ano: – 7,60%. O balanço só sai depois do pregão, mas as ações já protagonizam o top 5 de quedas no Ibovespa, puxadas pela previsão de um prejuízo de R$ 140 milhões. Via embarcou no mesmo trem, encerrando o dia em – 5,74% com a expectativa de prejuízo de R$ 115 milhões.

Enquanto isso, nos EUA…

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As bolsas americanas abriram em alta e perderam entusiasmo durante o dia. S&P 500 e Nasdaq fecharam quase no zero a zero: – 0,07% e – 0,58%. Foi uma espécie de ressaca após as relevantes altas de ontem, de mais de 2%. 

Até porque a baixa desta quinta não reflete tão bem o lado positivo das notícias de hoje por lá. A ver: o número de pessoas que pediram seguro-desemprego para o Estado – cresceu pela segunda semana seguida. Notícia ruim para a economia, claro, mas boa para quem torce por juros mais brandos do Fed. Esse, afinal, pode ser um sintoma de que as altas na taxa básica de lá já estão surtindo o efeito desejado: esfriar a economia para conter a inflação.  

Ontem, você se lembra, o governo americano divulgou o CPI – equivalente ao nosso IPCA. Resultado: em julho, a inflação desacelerou e as bolsas de Nova York reagiram de acordo, subindo felizes, já que o fantasma de mais uma alta brutal na Selic do Tio Sam ficou mais distante. 

O resultado do CPI foi reforçado pelo PPI de julho, que saiu de manhã. A sigla significa producer price index, “índice de preços ao produtor”. De junho para julho, esses preços caíram 0,5%, ou seja: houve deflação. A expectativa do mercado era que os preços tivessem subido 0,2%. Outra boa notícia, que pode dar frutos nos próximos pregões.

Um raio-X do PPI 

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Exatamente como o CPI, o PPI tem um core (“núcleo”), que exclui preços de setores considerados voláteis, como alimentação e energia. Esses são muito suscetíveis a variações climáticas sazonais, por exemplo. Por isso, acabam poluindo a série histórica com flutuações que nem sempre sinalizam tendências de longo prazo. 

A maioria dos economistas dá mais atenção ao core que ao índice cheio, e o core também veio bom, ainda que não com deflação: os preços subiram 0,2%, contra os 0,4% previstos pelos analistas. 

O PPI se divide, resumidamente, em três eixos. O terceiro é o que conta para os analistas. Os números aí em cima, inclusive, se referem apenas ao terceiro. Vamos a eles:

1. O primeiro é a média das variações nos preços das commodities, que são matéria-prima em estado bruto: petróleo, soja, minério de ferro etc. São os commodity indexes (“índices de commodities”).

2. O segundo é o aumento ou a queda no preço dos insumos e serviços que a indústria adquire em um estágio intermediário de processamento. Aqui, o petróleo já virou plástico, usado para fazer garrafas e o trigo já se tornou farinha – então, vamos ver quanto esses ingredientes custaram para a fábrica de bolos e bolachas. São os intermediate demand indexes (“índices de demanda intermediária”). 

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(Detalhe: os índices intermediários se subdividem em quatro estágios, conforme o grau de processamento pelo qual a matéria-prima já passou quando sai das mãos do fornecedor. Mas isso não vem ao caso.)

3. O terceiro são os preços do produto finalizado, ou seja: quanto a indústria vai cobrar do varejo. É esse o eixo que os economistas gostam de usar como antecipação para o CPI do mês seguinte. Afinal, se o mercado pagar mais caro por um produto num mês, o preço na gôndola tenderá a subir no mês seguinte. São os final demand goods (“índices de demanda final”).

Inflação relativamente sob controle nos EUA significa menos pressão de alta dos juros. Juros sob controle evitam que o dólar suba – porque menos gente se sente estimulada a fazer reservas com títulos públicos americanos. Dólar sob controle é bom para o nosso câmbio. E um câmbio legal é bom para segurar nossa inflação. Ou seja: torça pela queda nos preços deles. A queda dos nossos depende disso. 

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Maiores altas 

Positivo (POSI3): 10,26%
Minerva Foods (BEEF3): 7,33%
Marfrig (MRFG3): 5,41%
Banco do Brasil (BBAS3): 4,43%
Vale (VALE3): 3,48%

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Maiores baixas

BRF (BRFS3): -12,65%
MRV (MRVE3): – 11,00%
Americanas (AMER3): – 9,41%
Petz (PETZ3): -9,03%
Magazine Luiza (MGLU3): – 7,60%

 

Ibovespa: – 0,47%, a 109.718 pontos

 

Em NY:

S&P 500: – 0,07%, a 4.207,34 pontos. 

Nasdaq: – 0,58%, a 12.779 pontos. 

Dow Jones: 0,08%, a 33.337 pontos.

 

Dólar: 1,44%, a R$ 5,15

 

Petróleo

Brent: 2,26%, a US$ 99,60.

WTI: 2,62%, a US$ 94,34.

 

Minério de ferro: alta de 2,24%, a US$ 111,90 a tonelada, em Cingapura. 

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