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Juros altos e guerra: entenda essa combinação tóxica

Mercados abrem em baixa à espera da ata do Fed, às 15h. Temor é o de juros altos, mas impotentes contra a inflação.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 6 abr 2022, 08h28 - Publicado em 6 abr 2022, 08h22

Quando um país tasca aumentos nos juros, opera uma espécie de sanção econômica contra si mesmo. O comércio e a geração de empregos diminui, já que a mais essencial das mercadorias se torna mais cara: o dinheiro.

Não se faz isso por masoquismo, posto que juros mais altos são a única ferramenta conhecida pelo Homo sapiens para fazer com que a inflação baixe na marra: quanto mais caro o dinheiro, menos ele circula. E quanto menos ele circula, mais os preços tendem a cair.

A ferramenta é eficaz, mas não perfeita. Se você a aplica num momento em que há outros fatores alimentando a inflação corre o risco de baixar a atividade econômica e, ainda assim, os preços seguirem na ascendente. 

Esse é o temor do mercado global neste momento. Hoje, às 15h, o Fed, banco central dos EUA, divulga a ata da última reunião de seu comitê de política monetária, que aconteceu entre 15 e 16 de março. É este comitê (o FOMC) a entidade que determina o destino dos juros. No último convescote, decidiram pelo menor aumento possível, de 0,25%.

Agora, a ata da reunião vai revelar os bastidores da conversa, como é de praxe. E saberemos se o clima estava pesando para uma alta maior, de 0,50%. Se estava, a chance de um aumento mais robusto na próxima reunião, no início de maio, é maior.

Isso o mercado meio que espera há mais de ano. O que ninguém esperava era uma guerra na Europa. E a guerra tem efeitos sobre a inflação no mundo todo: as sanções sobre a Rússia, grande produtora de commodities, faz com que alimentos e combustíveis fiquem mais caros. Alimentos e combustíveis puxam a alta do resto: o barbeiro passa a cobrar mais pelos cortes de cabelo para ter como comprar comida e gasolina, afinal. 

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E aí temos o pior dos mundos: dinheiro mais caro e inflação, ainda assim, rampante. 

É esse temor que faz as bolsas amanhecerem em baixa hoje (veja abaixo). A ata do Fed vai ajudar a dizer se o medo é justificável ou não. Mas a situação só vai estabilizar mesmo se vierem boas notícias do front ucraniano. Essa parte, porém, promete seguir como uma grande incógnita. E aí não há bom humor que resista.

Boa quarta.

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Humorômetro - dia com tendência de baixa
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Futuros S&P 500: -0,71%

Futuros Nasdaq: -1,11%

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Futuros Dow: -0,52%

*às 8h11

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -1,83%

Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,30%

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Bolsa de Frankfurt (Dax): -1,56%

Bolsa de Paris (CAC): -1,49%

*às 8h12

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,29%

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Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,58%

Hong Kong (Hang Seng): -1,87%

Commodities

Brent: 1,44%, a US$ 108,18

Minério de ferro:-1,30%, a US$ 161,40 a tonelada

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Agenda

15h O Federal Reserve divulga a ata do FOMC

market facts

Musk, o tuiteiro

A semana está agitada para Elon Musk e o Twitter. Na segunda-feira, o dono da Tesla e da Space X anunciou a compra de 9,2% das ações da rede social, por US$ 2,9 bilhões. Agora, o Twitter afirmou que Musk fará parte do seu conselho de diretores. Enquanto ele pertencer ao conselho, não poderá deter mais de 14,9% das ações ordinárias da empresa. Nos últimos dois dias, os papéis já se valorizaram 30%.

Toyota de mudança

A montadora anunciou o fechamento da sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP). A operação será transferida para as unidades de Sorocaba, Indaiatuba e Porto Feliz,  no interior de São Paulo, a partir de dezembro – com conclusão prevista para novembro de 2023. Segundo a Toyota, o objetivo da mudança é buscar mais sinergia entre as fábricas para aumentar sua competitividade. Tanto que, na semana passada, a companhia anunciou um investimento de R$ 50 milhões na unidade de Indaiatuba para a modernização da linha de produção. A unidade do ABC paulista foi inaugurada em 1962 e é a mais antiga do grupo no país. Atualmente, emprega 550 pessoas e  fabrica peças que equipam modelos produzidos no Brasil, Argentina e Estados Unidos.

Vale a pena ler:

Acaba em pizza

A rede de pizzarias Domino’s tem uma meta ambiciosa: abrir 35 novas unidades ainda esse ano e cair nas graças da região Nordeste. Na verdade, a companhia americana vê potencial para a existência de mil lojas no país – um tanto acima das atuais 327 unidades. Em entrevista para o Valor Econômico, Fernando Soares, presidente da Domino’s Brasil, afirma que a empresa está se mantendo firme no pós-pandemia com o serviço de delivery. “O último trimestre foi recorde de vendas. Agora, o primeiro trimestre também começou bastante positivo, apesar da maior preocupação de todo o setor com a inflação”. Leia aqui.

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