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Ibovespa trava, apesar da deflação recorde, com medo da inflação americana

Índice subiu timidamente nesta terça-feira, enquanto investidores americanos optaram pela cautela à espera do dado de aumento de preços por lá.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 9 ago 2022, 18h23 - Publicado em 9 ago 2022, 18h15

Foi a maior deflação da história do real: os preços caíram 0,68% em julho, segundo o IPCA divulgado pela manhã. Um alívio e tanto para uma economia que vem enfrentando o aumento dos preços desde o início da pandemia, é claro. Mas nem isso deu muito gás para o Ibovespa, que passou a maior parte do dia no vermelho e fechou, de última hora, com uma alta tímida nesta terça-feira: 0,23% 

O motivo da anemia foi justamente o aumento dos preços… mas não no Brasil, e sim nos EUA. Por lá, o CPI (equivalente ao nosso IPCA) sai só amanhã, e os investidores optaram pela cautela hoje. A expectativa é que a inflação americana – atualmente em 9,1%, o maior nível em quatro décadas – tenha desacelerado em julho, mas ainda se mantendo alta. Os mais otimistas acham que o dado pode indicar que ela finalmente chegou no seu pico.

O CPI é importante porque dá pistas sobre o próximo passo do Fed, o banco central americano. O mercado ainda não entrou em consenso se o próximo aumento de juros por lá será de 0,75 ponto percentual ou um mais suave, de 0,5 p.p. Na sexta passada, o payroll, relatório mensal de empregos nos EUA veio surpreendentemente forte – o que mostra uma economia sólida o suficiente para aguentar um Fed mais agressivo sem necessariamente entrar em recessão (ainda que nada descarte que ela esteja chegando).

O mistério todo sobre as próximas decisões do Fed não se repete por aqui. Ainda que tenha vindo na esteira do corte do ICMS promovido pelo governo, a deflação de julho ajudou a reforçar o argumento de que o ciclo de aumento de juros deve parar, com a Selic em 13,75%. Hoje também foi dia de ata do Copom (Comitê de Política Monetária), em que o órgão explicou sua decisão da reunião passada e compartilhou com o mercado sua visão da economia brasileira. O texto, porém, não trouxe grandes novidades, apenas reforçando o fim do ciclo de altas.

Nas bolsas

A alta do Ibovespa foi sustentada por ações de peso, como Vale (2,07%) e Petrobras (1,64%). Também subiram as ações dos bancões, puxadas pelo Itaú (2,61%), que divulgou resultados ontem após o pregão, mostrando uma alta de 17,4% no lucro na taxa anualizada. Das 90 ações do Ibovespa, 49 fecharam em queda.

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O índice Nasdaq, que concentra as ações de tecnologia, foi o que mais sangrou hoje em Wall Street: queda de 1,19%, contra recuos de 0,42% do S&P 500 e 0,18% do Dow Jones. Em partes por conta dos temores inflacionários, já que empresas com alto potencial de crescimento são mais sensíveis a aumento de preços e escaladas nos juros. Mas não só isso.

Outra fonte de mau humor veio da fabricante de chips Micron Technology, que cortou suas previsões de receita no trimestre atual, alertando para uma menor demanda mundial pelos chips, o que acendeu a luz de alerta nas empresas do setor e ajudou a aumentar os temores de uma possível recessão. A queda na demanda é, em partes, resultado do esfriamento da economia chinesa, após uma sequência de lockdowns severos no país durante 2022.

O comunicado da Micron vem apenas um dia depois da Nvidia também cortar suas previsões de vendas, indicando que tempos nublados de fato assombram as empresas de tecnologia.

Enquanto isso, a alta dos meme stocks, que movimentaram Wall Street ontem, se mostrou efêmera: os papéis da Bed Bath & Beyond caíram 14% hoje, e os da GameStop, 7%. As sardinhas já se debandaram?

Até amanhã.

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Maiores altas

Qualicorp (QUAL3): 3,45%

Itaú (ITUB4): 2,61%

Braskem (BRKM5): 2,20%

Cemig (CMIG4): 2,18%

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Vale (VALE3): 2,07%

Maiores baixas

CVC (CVCB3): -10,96%

Natura (NTCO3): -9,62%

Méliuz (CASH3): -8,96%

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Gol (GOLL4): -6,78%

Petz (PETZ3): -6,04%

Ibovespa: 0,23% aos 108.651 pontos

Em Nova York

Dow Jones: -0,17%, aos 32.776 pontos

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S&P 500: -0,42%, aos 4.122 pontos

Nasdaq: -1,19%, aos 12.493 pontos

Dólar: 0,32%, a R$ 5,1295

Petróleo

Brent: -0,35%, a US$ 96,31

WTI: -0,29%, a US$ 90,50

Minério de ferro: -1,48%, cotado a US$ 109,70 por tonelada em Cingapura

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