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Fed sobe juros a 5% e espera que crise bancária ajude a reduzir inflação

BC americano sinaliza que aperto monetário pode estar chegando ao fim, mas decepciona mercado ao descartar cortes na taxa ainda neste ano. No Brasil, Copom mantém Selic a 13,75%.

Por Júlia Moura
Atualizado em 22 mar 2023, 18h54 - Publicado em 22 mar 2023, 17h30

O Fed agiu como esperado e subiu os juros americanos em 0,25 ponto percentual para 5% ao ano, a maior taxa desde 2007. Se não fosse a crise bancária desencadeada pela falência do SVB, essa alta provavelmente seria maior, de 0,5 p.p. O BC americano espera que agora, com os bancos emprestando com mais cautela, a oferta de crédito diminua significativamente, reduzindo a atividade econômica, em um impacto equivalente ao de juros maiores.

Mais: ao que tudo indica, os juros americanos podem parar de subir este ano. Em seu pronunciamento, o Fed substituiu o termo “contínuos” para se referir a novos aumentos nas taxas por “alguns”. 

“Nós avaliamos uma eventual pausa no aperto nesta reunião”, disse Jerome Powell, presidente do banco central americano, ao comentar a decisão desta quarta.

A maior parte das apostas do mercado (54,1%), segundo a CME, aponta para o fim das altas no juro do Fed. O restante vê uma nova alta de 0,25p.p. em maio, que elevaria a taxa para 5,25%. Atualmente, a previsão do próprio Fed é que os juros terminem o ano a 5,25%.

O mercado adorou a expectativa do fim da alta de juros e as bolsas passaram a subir logo após o comunicado. Mas, quando ouviram de Powell que os juros não devem baixar neste ano, os ganhos foram por água abaixo. O S&P 500 acabou fechando na mínima do dia, em uma queda de 1,65%. O Ibovespa acompanhou e cedeu 0,77%.

“Não estamos de mãos atadas. Se precisarmos elevar juros, faremos isso”, disse Powell, ressaltando que a inflação e a força do mercado de trabalho ainda estão dando dor de cabeça ao Fed.

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As projeções dos diretores do BC americano para a inflação do país tiveram uma ligeira alta nesta reunião. A mediana das expectativas para o PCE (índice inflacionário preferido do Fed) de 2023 subiu de 3,1% em dezembro para 3,3%. Para 2024 e 2025, as previsões foram mantidas em 2,5% e 2,1%, respectivamente.

Os Fed boys também esperam um núcleo (medida que exclui alimentos e energia) do PCE mais alto. Para 2023, a projeção é que o núcleo fique em 3,6%, dos 3,5% esperados em dezembro. Para o ano que vem, ela está em 2,6%, de 2,5% anteriormente. Com relação a 2025, eles continuam esperando 2,1% – basicamente a meta de inflação por lá, que é de 2%.

Dá para explicar as mudanças em parte pela expectativa de desemprego um pouco menor. Espera-se uma taxa de 4,5% para este ano, ante 4,6% prevista anteriormente, e uma alta para 4,6% em 2024 e 2025. Hoje, a taxa de desemprego nos EUA está em 3,6%, a menor em meio século. 

As expectativas para o PIB dos EUA também mudaram. Agora, a mediana aponta um crescimento, ligeiramente menor, de 0,4%, ante o de 0,5% previsto em dezembro. Para 2024, a projeção foi de 1,6% para 1,2%. Já em relação a 2025, ela subiu de 1,8% para 1,9%.

Selic

No início da noite desta quarta, após o fechamento do mercado, o Banco Central do Brasil divulgou que decidiu manter a Selic nos atuais 13,75%. A decisão já era esperada pelo mercado, mas veio desacompanhada de uma sinalização de eventual queda do juros, algo muito discutido nas últimas semanas. 

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“[…] o Comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. […] O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, disse o BC em comunicado.

O próprio tom dovish do Fed nesta quarta diminui a pressão pela manutenção da Selic neste patamar – o eventual fim da alta dos juros por lá alivia a cotação do dólar, o que ajuda a frear a inflação por aqui. Tanto que os juros futuros fecharam em baixa ao longo da curva temporal, e a taxa do IPCA+2035 caiu para 6,26%.  

“Pode Entrar”

As construtoras foram os destaques positivos da sessão, com forte alta de quase 5% de MRV e EzTec. A valorização veio após a prefeitura de São Paulo anunciar que vai lançar em até 20 dias um novo edital para a contratação de mais 20 mil unidades habitacionais por meio do programa “Pode Entrar”. Segundo o Broadcast, o investimento previsto é de R$ 4 bilhões.

Até amanhã!

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Maiores altas

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MRV (MRVE3): 4,59%

EzTec (EZTC3): 4,49%

CCR (CCRO3): 2,38%

Natura (NTCO3): 2,29%

CPFL (CPFE3): 1,86%

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Maiores baixas

BRF (BRFS3): -6,68%

Vibra (VBBR3): -6,39%

Assaí (ASAI3): -5,89%

Azul (AZUL4): -5,41%

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Gol (GOLL4): -4,74%

 

Ibovespa: -0,77%, aos 100.220,63 pontos

 

Em Nova York

S&P 500: -1,65%, aos 3.937 pontos

Nasdaq: -1,60%, aos 11.670 pontos

Dow Jones: -1,63%, aos 32.029 pontos

 

Dólar: -0,17%, a R$ 5,2370

 

Petróleo

Brent: 1,82%, a US$ 76,69

WTI: 1,76%, a US$ 70,9

 

Minério de ferro: -2,33%, a US$ 121,81 por tonelada em Qingdao (China).

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