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Dia de inflação e de avaliar aprovação da PEC dos Precatórios

Nos EUA, o dia começou com viés negativo. Todos querem saber em que ritmo os preços sobem.

Por Guilherme Jacques, Tássia Kastner
10 nov 2021, 08h18

Bom dia!

A primeira etapa da PEC dos Precatórios foi concluída. A Câmara aprovou ontem o texto em segundo turno, e agora o texto caminha para o Senado, onde também precisa de duas rodadas de aprovação. Na casa comandada por Rodrigo Pacheco, Jair Bolsonaro enfrenta mais resistência. Ainda assim, as perspectivas são relativamente positivas.

Não porque o projeto seja bom, mas porque a alternativa é pior. A PEC dos Precatórios fará uma manobra do Teto de Gastos (o limite de aumento das despesas públicas) de forma a liberar dinheiro para o programa de Bolsonaro à reeleição, o confuso e incerto Auxílio Brasil. Sem a PEC, o plano do governo era prorrogar o auxílio emergencial, que não tem amarras ao teto. Ou seja, abriria uma janela para gastos sem limites.

O fato é que mesmo sendo do jeito menos pior, com a PEC, essas goteiras abertas no teto não serão fáceis de remendar. Economistas tiveram dois dias de reuniões fechadas com o Banco Central, e disseram que o estrago é permanente. A Folha contou aqui o que foi discutido. 

Na vida real, elevação de gastos e incerteza fiscal significam inflação e juros em alta. E então chegamos ao assunto do dia de hoje. Às 9h, o IBGE divulga a inflação acumulada de outubro. A economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitoria, mostrou em um tuíte como economistas estão com dificuldades de estimar a alta de preço. Dados da Bloomberg apontam para previsões que vão de 0,94% a 1,19%. Tirar a mediana disso, o ponto central de todas as estimativas, já não mostra exatamente um consenso do mercado. E ela arremata “qualquer número será uma surpresa”.

A inflação alta é uma dor de cabeça mundo afora, e vai continuar enquanto os preços do petróleo e outras matérias-primas continuarem subindo, e o fornecimento de chips e outros componentes para a indústria continuar errático. Nos EUA, os dados de inflação saem às 10h30. 

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Na Alemanha a inflação em 12 meses foi a 4,5%, o maior patamar desde 1993, mas dentro das estimativas do mercado.

Enquanto o mundo ainda vive esse chamado choque de oferta (quando os preços sobem porque houve uma interrupção na produção), o jeito é controlar a inflação com alta de juros. Por aqui, um membro do Banco Central chegou a dizer que, se necessário, é possível que a Selic suba ainda mais rapidamente, com elevações acima de 1,5 ponto percentual. 

Nos EUA, os juros só devem sair do zero no próximo ano. É isso que os investidores de lá vão passar o dia especulando. Por enquanto, começamos o dia no negativo lá fora. Afinal, até para continuar a bater recordes (caso americano) é preciso tomar um fôlego e respirar. Boa quarta. 

 

Humorômetro - dia com tendência de baixa

Futuros S&P 500: -0,18%

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Futuros Nasdaq: -0,22%

Futuros Dow: -0,17%

*às 7h41

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,04%

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Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,54%

Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,05%

Bolsa de Paris (CAC): -0,23%

*às 7h38

Fechamento na Ásia

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Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,53%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,61%

Hong Kong (Hang Seng): 0,74% 

Commodities

Brent: estável, a US$ 84,78*

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Minério de ferro: -3,68%, a US$ 88,90, no porto de Qingdao, na China

*às 7h39

Agenda

9h IBGE divulga a inflação de outubro

10h30 Nos EUA também é dia de dados de inflação do mês passado

10h30 Departamento de Trabalho dos EUA divulga pedidos de auxílio desemprego da primeira semana de novembro.

market facts

Chama a SEC

A SEC é a CVM dos EUA, o regulador do mercado de capitais. E parece que Elon Musk vai dar trabalho para o órgão novamente. Pouco antes do fundador da Tesla tuitar a enquete que fez a companhia perder US$ 175 bilhões em valor de mercado, seu irmão Kimbal vendeu 15% de sua participação na montadora de carros elétricos. Colocou no bolso US$ 109 milhões. Kimbal não é só brother, é também um dos membros do conselho de administração da companhia. 

Na enquete, Musk perguntou a seguidores se ele deveria vender 10% de suas ações da montadora. A maioria respondeu que sim, e ele disse que cumpriria com essa decisão do povo. Daí, à espera de uma enxurrada de ações à venda, a companhia desceu da estratosfera em que vive. 

No meio desse caos tuiteiro, Michael Burry (aquele que previu a crise de 2008, lucrou com ela e virou filme – A Grande Aposta, de 2015) resolveu brincar. Segundo ele, Elon Musk  provocou essa bagunça toda porque precisa de dinheiro para pagar empréstimos pessoais. E o lance, segundo ele, é que este é o melhor momento para vender já que a valorização das ações da Tesla apontam para uma bolha em crescimento. Mesmo depois da baixa recente, ela ainda acumula alta de 40% no ano.

50% a mais de preju

As ações da Gol (GOLL4) caíram mais de 3% ontem. A companhia reportou um prejuízo de R$ 2,53 bilhões no terceiro trimestre, 46,9% maior que o registrado um ano antes. Isso apesar de o momento ser de franca recuperação para o setor aéreo, à medida que os brasileiros estão vacinados e a vontade de entrar em um avião bate forte. Por isso, apesar dos números difíceis divulgados ontem, a companhia afirma esperar uma recuperação para o final deste ano. A ver se investidores vão comprar o otimismo.

Vale a pena ler:

Cuidado!

Na segunda-feira, a corretora norte-americana Robinhood revelou que um ataque hacker fez com que o endereço de email de cinco milhões de clientes fosse exposto. Segundo o comunicado da empresa, nenhuma outra informação foi comprometida e ninguém teve perdas financeiras. Para além da queda de mais de 3% nas ações, listadas na Nasdaq desde julho deste ano, o ataque parece até inofensivo. Afinal, a não ser para evitar spams, endereço de email não é um dado que fazemos muita questão de esconder, certo? Mas segundo especialistas ouvidos pela Bloomberg, há perigo no vazamento dessa pequena informação a nosso respeito. Principalmente se quem tiver seu email souber que você é cliente de determinada corretora ou banco. Leia em inglês.

Pandemia socioeconômica

Em entrevista ao O Globo, o ex-presidente do Fed (o BC americano) Roger Ferguson falou sobre os prejuízos econômicos causados pela crise e as alternativas adotadas pelos EUA para minimizá-los. Para ele, que hoje integra o conselho da Alphabet (holding que controla a Google), a pandemia fez crescer a desigualdade. E sua principal tese é: diminuir este precipício entre ricos e pobres ajudaria a ambos. Ferguson ainda comentou sobre a escassez de força de trabalho nos EUA, crise de suprimentos e classificou o Brasil como “investível”.  

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Nos EUA, a Walt Disney divulga seus resultados após o fechamento do mercado.

Já no Brasil, saem também após o fechamento: BRF, JBS, Copel, Oi, Energisa, Equatorial Energia, Even, Locaweb, Aliansce Sonae, Caixa Seguridade e SulAmérica.

A Caixa Econômica Federal, sem ações em bolsa, também divulga seu balanço hoje, mas não confirmou o horário.

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