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Aprovação dos US$ 900 bilhões em estímulos bomba as bolsas

S&P 500 e Nasdaq batem seus recordes históricos. Por aqui, o Ibovespa está a um trisco de 0,33% de renovar o dele. 

Por Juliana Américo, Alexandre Versignassi
28 dez 2020, 19h53

É sempre mais emocionante quando o jogo se resolve aos 45 do segundo tempo. Depois de meses em um cabo de guerra, os EUA finalmente chegaram a um consenso sobre o pacote de auxílio contra a covid-19

No domingo, 27, Donald Trump assinou o projeto de socorro de US$ 900 bilhões em estímulo à economia. O pacote inclui também US$ 1,4 trilhão para financiar agências governamentais até setembro de 2021 – totalizando US$ 2,3 trilhões. 

Mas foi por pouco que o projeto não desandou. Na semana passada, o (ainda) presidente americano ameaçou bloquear a proposta caso o valor do auxílio emergencial deles não aumentasse de um único cheque de US$ 600 para um de US$ 2.000. 

Acontece que também há um seguro-desemprego especial, pago para as 14 milhões de pessoas que foram afetadas pela pandemia. E ele já ficou sem fundos – precisava da aprovação do novo pacote para seguir. Outras medidas de alívio criadas durante a crise, como o auxílio às pequenas empresas, escolas, setor de aviação e saúde, também estariam com os dias contatos. 

E Trump não resistiu à pressão. Mas o seu descontentamento com o valor do auxílio também não passou despercebido. O Congresso americano vai votar o aumento do valor para US$ 2.000 – Joe Biden, o presidente eleito, também apoia o auxílio mais gordinho. 

Bom, o que importa é que o pacote foi aprovado e recebido com festa pelos investidores, já que o dinheiro, funcionando ou não para a economia, mais hora menos hora acaba vazando para o mercado de ações. O S&P 500 subiu 0,87% (3.735 pontos), enquanto o Nasdaq Composite se elevou em 0,74% (12.899 pontos). Parece pouco, mas o fato é que os dois índices renovaram seus recordes históricos hoje, no antepenúltimo pregão do ano.

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Esse clima solar bateu por aqui também. A bolsa se manteve em alta ao longo de todo dia, mas foi um outro assunto, que também está nos 45 do segundo tempo, que animou o mercado. Ela mesma: a vacina. 

O vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, confirmou em uma entrevista que o laboratório vai pedir para a Anvisa o registro da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo grupo farmacêutico AstraZeneca até a próxima semana.

Se isso de fato acontecer, as primeiras doses do imunizante começam a ser liberadas em fevereiro, produzidas pela Fiocruz. E a previsão é entregar 210 milhões de doses ao longo de 2021, o que permite vacinar 105 milhões de pessoas (o imunizante é de dose dupla). 

De qualquer forma, o Brasil já está atrasado. Os primeiros países da América Latina a começar a vacinar a população foram México, Chile e Costa Rica, que iniciaram as suas campanhas de imunização na véspera do Natal. A Argentina é o próximo na lista, com o início marcado ainda para esta semana. Esperar até fevereiro para ter uma vacina nacional não é o melhor dos cenários, mas melhor do que nada. E o Ibovespa fechou o dia com uma alta de 1,12%, a 119.123 pontos  – agora só falta um trisco de 0,33% para a renovação do recorde histórico (os famigerados 119.528 do dia 23 de janeiro de 2020).  

A Petrobras e os bancos também ajudaram no índice. No caso da Petro, além da sanção de socorro nos EUA, os papéis da empresa também foram impulsionados pela conclusão da venda de ativos da Liquigás por R$ 4 bilhões, e também pela assinatura do contrato de venda de 12 campos terrestres de exploração e produção no Polo Remanso (BA), por US$ 30 milhões. As ações da companhia subiram 0,82%. 

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Já os bancos subiram em bloco. Na quarta passada (23), a CMN flexibilizou a restrição de distribuição de lucros. No início da pandemia, o Conselho Monetário Nacional proibiu os bancos de distribuir dividendos acima do valor mínimo estabelecido no estatuto ou no contrato social. Esse valor costuma girar em torno de 25% do lucro – o mínimo permitido por lei. A medida visava salvaguardar a capacidade de empréstimo dos bancos – no contexto de uma pandemia, faz pouco sentido um banco distribuir na forma de lucro aos acionistas dinheiro que poderia ir para financiamentos.   

Agora, eles estão liberados para distribuir até 30% do lucro. Acontece que dia 23 foi o último dia de funcionamento da bolsa antes do Natal. Ou seja, os investidores precisaram esperar até hoje para comemorar a resolução, que deve, claro, resultar em dividendos mais rechonchudos. O BTG Pactual subiu 2,93%, seguido por Santander (1,95%), Banco do Brasil (1,10%), Bradesco (0,97%) e Itaú (0,72%). 

Entre o sobe e desce geral, vale destacar o desempenho da IRB Brasil. A resseguradora disparou surpreendentes 12,02%. A empresa registrou prejuízo de R$ 23,8 milhões em outubro – influenciado pelo e  maior provisionamento da carteira de vida internacional e também pela transferência/venda de portfólio de sinistros do segmento rural. Mas, de acordo com a companhia, sem esses fatores não-recorrentes o resultado teria sido um lucro líquido de R$ 110,3 milhões.

Legal, mas mesmo assim os papéis da IRB seguem numa baixa de 80% em 2020. Para ela, mesmo uma alta de dois dígitos está longe de significar um gol aos 45 do segundo tempo.

Maiores altas

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IRB Brasil: 12,02%

Cielo: 7,93%

Weg: 3,97%

CVC: 3,91%

Hypera: 3,71%

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Maiores baixas

Qualicorp: -1,59%

Gol: -1,18%

Usiminas: -1,09%

Marfrig: -0,95%

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Braskem: -0,90%

Petróleo

Tipo Brent: -0,83% (US$ 50,86)

Tipo WTI: -1,26% (US$ 47,62)

Dólar: +1,12%, cotado a R$ 5,23

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