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Alta no Ibovespa parece agora exceção, não regra

Nova York voltou para o positivo e pode ajudar a bolsa brasileira após três dias de queda. Mas há uma pandemia de gastos públicos no caminho.

Por Juliana Américo, Tássia Kastner
18 nov 2021, 08h17

Bom dia!

Ontem as bolsas americanas caíram. Uma exceção, não a regra deste 2021 que já soma mais de 60 recordes de alta em Wall Street. O soluço parece ter passado, e o dia de hoje aponta para mais uma valorização sólida. Os futuros do índice de tecnologia Nasdaq avançam robustos 0,48% nesta manhã, enquanto o S&P 500 ganha também expressivos 0,27%.

Eles são a exceção. Na Ásia, as principais bolsas caíram depois que os dados do setor de construção frustraram as expectativas do mercado. Pudera, esse é o segmento da economia que colocou o risco de uma desaceleração na China nos holofotes e aumentou a tensão de investidores. Enquanto isso, a Evergrande, a incorporadora chinesa que flerta com o precipício, continua a vender ativos para pagar as dívidas. 

Enquanto isso, a Europa voltou a ficar tensa com o combo inflação + nova onda de Covid. A Alemanha discute com os governadores novas medidas de controle da doença, com um eventual lockdown, enquanto a Bélgica limitou o trabalho presencial a uma vez na semana. 

O Brasil parece ter controlado a pandemia (ou ao menos a última onda dela), mas padece de outra. Uma pandemia de gastos públicos. Com a PEC dos Precatórios em discussão no Senado, o governo já tira da manga estratégias para aumentar o Auxílio Brasil de qualquer maneira. Para o andar de cima, o plano é reajuste para servidores. Segundo o colunista Lauro Jardim, a equipe de Paulo Guedes ainda não começou a fazer contas do rombo que o aumento causaria. Não significa que ele não irá acontecer, caso o presidente Jair Bolsonaro leve seu plano adiante.

Claro que a inflação também corroeu o poder de compra dos servidores. Mas elevar gastos públicos é o melhor jeito que se conhece de criar ainda mais inflação, um tiro pela culatra. E, bem, com esse cenário fica difícil antever um cenário positivo para o Ibovespa – já são três quedas consecutivas. Viramos, no fim, o espelho invertido de Wall Street. A exceção aqui é a alta, não a queda. Boa quinta.

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humorômetro: o dia começou com tendência de alta

Futuros S&P 500: 0,28%

Futuros Nasdaq: 0,49%

Futuros Dow: 0,14%

*às 7h40

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Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,25%

Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,20%

Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,14%

Bolsa de Paris (CAC): 0,27%

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*às 7h30

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,99%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,30%

Hong Kong (Hang Seng): -1,29%

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Commodities

Brent: -0,21%, a US$ 80,11

*às 7h30

Agenda

09h30 O Ministério do Trabalho dos EUA divulga o número de pedidos de seguro-desemprego da semana passada.

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market facts

Inferno astral

A semana está sendo difícil para a Eletrobras. Na terça, as ações da empresa caíram 3% após informar que a sua privatização subiu no telhado – pelo menos por um tempo. O Ministério Público de Contas liberou o parecer sobre a privatização aprovada em julho no Congresso e agora o processo está sob responsabilidade do relator, o ministro do TCU Aroldo Cedraz. 

O problema é que ele não deve liberar o processo até  8 de dezembro, último dia útil do tribunal, que entra de férias e volta só no final de janeiro. E o atraso é visto como uma retaliação do TCU ao governo por ter sido atropelado nas negociações do 5G. O presidente da companhia, Rodrigo Limp, afirmou que, mesmo que a privatização atrase de fato, ela deve acontecer até meados de junho.

Para piorar a situação, ontem, a companhia afundou mais de 6% após a divulgação do balanço do terceiro trimestre: os lucros da companhia caíram 65,7%, totalizando R$ 965 milhões. 

Queda livre

As ações da Stone despencaram mais de 33% na Nasdaq após a empresa reportar queda de 53,9% nos lucros do terceiro trimestre. Entre julho e setembro, a companhia de meios de pagamentos lucrou R$ 132,7 milhões. Até teve alguns números bons: a receita saltou 57%, para  R$ 1,47 bilhão. Mas com a queda no lucro, a margem recuou 9%. Os resultados foram afetados pelo aumento nos custos operacionais e despesas financeiras influenciadas pela alta nos juros.

Vale a pena ler:

Covid-19

Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, ligou para João Dória (governador de São Paulo) para convencê-lo a adiar o início da vacinação contra a Covid-19. Em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo, Eduardo afirma que o contato foi um pedido do  general Luiz Eduardo Ramos – na época, ele era secretário de Governo, hoje é secretário-geral da Presidência. “Talvez tivesse sido positivo ao país que se fizesse um esforço de coordenação e engajamento, já que era uma questão nacional”, disse. Leia o texto completo aqui

Pós-pandemia

O CEO do Goldman Sachs, David Solomon, afirmou durante o Bloomberg New Economy Forum que os mercados devem enfrentar tempos difíceis enquanto a economia global se recupera da pandemia. “Quando penso sobre minha carreira, houve períodos em que a ganância superou o medo. Estamos em um desses períodos. Minha experiência diz que esses períodos não duram muito”. Leia a entrevista completa aqui.

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