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Abertura de Mercado: bolsas desabam na Ásia. Hong Kong entra em bear market. Danou-se?

Índice Hang Seng já cai 20% desde o pico recente, em fevereiro. Futuros caem nos EUA.

Por Bruno Carbinatto, Tássia Kastner, Alexandre Versignassi
Atualizado em 20 ago 2021, 08h57 - Publicado em 20 ago 2021, 08h02

O respiro das bolsas americanas ontem não contagiou o mercado asiático nesta madrugada. O Índice Hang Seng, de Hong Kong, fechou em baixa de 1,84% entrou oficialmente em bear market – o oposto de bull market, quando um mercado se vê em queda livre. 

O marco para a constatação de um bear market é uma queda de 20% em relação ao pico anterior. Pois bem. O Hang Seng estava em 31 mil pontos no início de fevereiro. Era uma alta de 43% comparada a março de 2020 (o crash da pandemia). Hoje ele fechou em 21,8 mil pontos. Queda de 20% cravados sobre o pico de fevereiro.

Culpa das intervenções do regime chinês nas empresas de tecnologia de lá. Começou quando o IPO da Ant Group (o braço financeiro da Alibaba) foi barrado. Isso foi no final de 2020, e o mercado financeiro tratou como um caso isolado. O problema escalou quando Pequim avançou sobre mais uma série de empresas tech, sob a acusação de que elas estariam adotando práticas anticompetitivas. 

Em julho de 2020, o governo mandou retirar o app da Didi (o Uber chinês) das lojas de aplicativos. Isso foi dias depois do IPO em Nova York e o resultado é que os papéis acumulam queda de 50%. Depois, a ofensiva foi contra empresas de educação, que são listadas em Hong Kong. A big tech chinesa Tencent disse a investidores que espera novas regulações, agora sobre o setor de jogos. 

Ou seja: o clima por lá pesou de vez, sobre a própria liberdade do mercado. E mercado sem liberdade não é mercado. É feudalismo.

No S&P 500, tudo o que não há é um bear market. As bolsas americanas estão 31% acima do pico anterior – que foi em 2019. Do vale que se abriu no crash pandemia até agora foram 91% de alta. 

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“Culpa” da injeção de meia dúzia de trilhões de dólares impressos pelo Fed, o banco central americano. 

Dólares que ajudaram o Ibovespa também. Estamos 84% acima da depressão de março de 2020. Nosso recorde histórico de pontuação aconteceu outro dia: 130,7 mil pontos em 6 de julho. De lá até aqui, o que tivemos foi uma queda de 10%. Só isso.       

O noticiário brasileiro bate na tecla do furo do teto de gastos. É um perigo real, que pode destruir uma âncora da nossa economia. Mas, para o mercado financeiro, outra coisa tem peso absurdamente maior: o fim da injeção inédita e maciça de dinheiro do Fed nos bancos americanos – e, por consequência, em todo o sistema financeiro global.

Se esse “bolsa família” bancário do Fed acabar – ou simplesmente reduzir de ritmo, o risco de bear market por estas bandas será real. 

Porque a autoridade financeira mais importante do planeta deu toneladas de peixes para o mercado. Mas não o ensinou a pescar.  

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Humorômetro

Humorômetro

O dia começou com tendência de… BAIXA

Futuros S&P 500: -0,36%

Futuros Nasdaq: -0,21%

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Futuros Dow: -0,36%

*às 7h40

Europa

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,19%

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Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,22%

Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,48%

Bolsa de Paris (CAC): -0,36%

*às 7h35

Fechamento na Ásia

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Fechamento da Ásia 

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,91%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,98%

Hong Kong (Hang Seng): -1,84%

Commodities

Commodities

Brent: queda de 0,63%, a US$ 66,03*

Minério de ferro: alta de 5,86%, a US$ 140,44**

*às 7h45

**Fechamento

Agenda

Agenda do dia

14:50: Índice de Evolução de Emprego do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED)

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Market facts

  • A Lojas Renner (LREN3) sofreu um ransomware ontem (19) – tipo de ataque cibernético em que hackers invadem e bloqueiam o sistema da empresa e cobram um resgate para liberar os dados. O site da loja ficou fora do ar por algumas horas, substituído por uma suposta mensagem do grupo hacker. Ainda não se sabe o tamanho do estrago, mas a empresa disse que a maior parte do problema foi resolvido e que divulgará ao mercado novos detalhes sobre o incidente em breve. JBS, Fleury e Cyrela são algumas das empresas que também sofreram ataques do tipo recentemente. Entenda esses ataques e os riscos nesta matéria aqui.
  • O governo dos Estados Unidos abriu um novo processo contra o Facebook (FBOK34), acusando a gigante do mercado de monopólio. É a segunda tentativa da agência reguladora americana FTC de punir a big tech pelas aquisições do WhatsApp e Instagram – a primeira foi rejeitada por um juiz há dois meses. O órgão argumenta que as compras ocorreram para que a rede de Zuckerberg não tivesse que competir com os outros apps – e quer obrigar a tech a vendê-los. A empresa tem até outubro para se defender.

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Vale a pena ler

> Nunca houve tanto investimento em sustentabilidade pelo mundo – já são US$ 35 trilhões, calcula a Bloomberg. Mas a maior parte desse número, US$ 25 tri, não está exatamente em práticas sustentáveis, e sim numa manobra usada por empresas para melhorar seus índices de ESG. Leia mais (em inglês).

> “Anywhere office”: A ideia de trabalhar de qualquer lugar do país, ou do mundo, é uma realidade que tem tudo para sobreviver à pandemia. Entenda os riscos dessas prática em nossa matéria de capa de agosto. Leia aqui.

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