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Abertura de Mercado: 7 de setembro ameaça deixar Ibovespa de fora da recuperação global

O feriado se tornou uma dor de cabeça para o mercado, com bolsonaristas organizando protestos contra as instituições democráticas. Lá fora, por outro lado, o clima é de céu azul.

Por Tássia Kastner, Alexandre Versignassi
Atualizado em 24 ago 2021, 11h44 - Publicado em 24 ago 2021, 08h37

7 de setembro vinha sendo um feriado qualquer. Neste ano, a data virou uma dor de cabeça – até para o mercado financeiro. Jair Bolsonaro está convocando manifestações pró-governo – incluindo o já descartado voto impresso, que não deveria mais estar em discussão. Seria só mais uma patacoada, mas, por um detalhe, não é. Agora há a preocupação com a insubordinação das polícias militares, que estariam inclinadas a apoiar o movimento.

Os primeiros indícios de que esse é um risco real já aparecem no noticiário. Ontem, o governador João Doria afastou um coronel que convocava “amigos” para as manifestações. Aleksander Toaldo Lacerda foi afastado por indisciplina, mas só deixou claro que o buraco é bem mais embaixo. Faltam duas semanas para a data e daqui até lá ouviremos muitos discursos clamando por moderação do presidente. Já vimos que costuma dar em nada. Justamente por isso, dá para esperar uma boa dose de solavancos para a bolsa brasileira.

Aconteceu ontem. Enquanto Nova York voltou a recordes, o petróleo disparou e o mundo começava a semana animado, aqui mais uma vez o Ibovespa caiu. 

A terça começou mais uma vez no positivo lá fora. Na China, o mercado calcula que as medidas adotadas para conter a nova onda do coronavírus talvez não tenham desacelerado tanto a economia de lá. Isso explica, em parte, a recuperação do petróleo, que segue firme agora pela manhã.

Além disso, as empresas de tecnologia chinesas também vivem uma trégua. Elas vinham em queda na bolsa após as sucessivas intervenções do governo do país, que alega excessiva concentração de mercado e adoção de práticas anticompetitivas. Nada indica que Pequim deu um passo atrás na regulação do mercado, mas a trégua no anúncio de novas medidas trouxe um alívio temporário. O índice de tecnologia de Hang Seng, que segue as 30 maiores empresas do segmento em Hong Kong, subiu 7%, superando o índice geral local, que avançou 2,5%.

Dado o clima político por aqui, não dá para saber se conseguiremos acompanhar esse alívio lá de fora. Somos brasileiros, portanto sofremos.

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humorômetro: o dia começou com tendência de alta

Índices dos EUA no início da manhã apontam para cima:

Futuros S&P 500: 0,17% 

Futuros Nasdaq: 0,27%

Futuros Dow Jones: 0,15%

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*às 7h50

Europa

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,02% 

Bolsa de Londres (FTSE 100): – 0,17%

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Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,31

Bolsa de Paris (CAC): – 0,28%

*às 7h45

Fechamento na Ásia

Fechamento da Ásia 

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Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 1,09%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,87%

Hong Kong (Hang Seng): 2,46 %

Commodities

Petróleo*

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Brent: 1,63%, a US$ 66,62

WTI: 1,49%, a US$ 69,87

Minério de ferro: alta de 6,89% no porto de Qingdao (China), cotado a US$ 146,13 a tonelada.

*às 7h51

Agenda

10h30 Arthur Lira fala em evento da XP

11h Departamento de Comércio dos EUA divulga vendas de moradias novas de julho

18h É a vez de Roberto Campos Neto falar a clientes da XP

market facts

De R$ 100 bilhões a nada

No ano passado, a varejista Havan ensaiava abrir capital na bolsa e queria ser avaliada pelo mercado financeiro em R$ 100 bilhões. No ranking atual, seria a 11ª empresa mais valiosa da B3, logo abaixo dos R$ 121 bilhões do Magazine Luiza. Só que Luciano Hang, o empresário bolsonarista dono da rede, não encontrou interessados em comprar ações da sua companhia. Na segunda tentativa de IPO, o registro de companhia aberta foi indeferido pela CVM. A decisão do órgão regulador saiu ontem.

O de cima sobe, e o de baixo…

O PIB da Alemanha subiu 1,6% no segundo trimestre, em relação ao primeiro. Por isso a bolsa alemã sobe hoje, na contramão de suas pares europeias. O dado veio acima das expectativas – e bem mais acima do que deve vir para o Brasil. O IBGE só vai divulgar o nosso na próxima quarta, 1 de setembro. Mas o Monitor PIB-FGV, que faz o cálculo de forma independente, já deu sua prévia para o PIB do 2T21 na semana passada: queda de 0,3%.  

Vale a pena ler:

Educação bilionária

A Uniasselvi comprou a rede paranaense de educação Cesumar por R$ 3,5 bilhões. Com a operação, passa a ter 635 mil alunos no ensino a distância, perto da líder de mercado Kroton e seus 695 mil estudantes remotos. O jornal Valor Econômico explica a transação. A Uniasselvi é controlada pela Vitru, com ações na Nasdaq. Aqui.

E agora, Powell?

Países são como pessoas: carregam seus traumas. O dos EUA é a Grande Depressão dos anos 1930. Todo economista americano aprende, desde o maternal, que a falha ali foi o governo, na pele do Banco Central, não ter usado a grande arma que tem para evitar crises: produzir dinheiro e injetar na economia – ainda que isso possa gerar inflação. Jerome Powell, o chefe do BC americano, fez isso. E criou inflação (5,4% nos últimos 12 meses). A expectativa agora é saber se ele vai ou não frear as impressoras de dólares. Para tanto, o mercado vai escarafunchar cada vírgula de seu discurso no Simpósio Econômico de Jackson Hole, nesta sexta. O Wall Street Journal dá um belo resumo da situação. Aqui.      

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