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Rodrigo Kede, da Totvs, renuncia por saúde. Leia entrevista feita antes da renúncia

Rodrigo Kede renuncia à presidência da Totvs por motivo de saúde. Confira uma entrevista que Rodrigo concedeu à VOCÊ S/A alguns meses antes de renunciar ao cargo

Por Por Mariana Amaro
Atualizado em 17 dez 2019, 15h24 - Publicado em 6 jan 2016, 10h43

SÃO PAULO – A desenvolvedora de software corporativo Totvs informou nesta quarta-feira que o executivo Rodrigo Kede renunciou ao posto de diretor-presidente por motivo relacionado a sua saúde. “Infelizmente, Rodrigo Kede detectou recentemente um problema de saúde, com impactos pessoais e familiares, o que o levou a tomar essa decisão”, disse a empresa no comunicado ao mercado. 

Durante quase 22 anos, Rodrigo Kede, 43 anos, trabalhou na mesma empresa: a IBM, onde começou como estagiário. Chamado por alguns colegas de garoto-prodígio, tornou-se um dos diretores mais jovens da história da centenária companhia, aos 33 anos. Aos 40, chegou à presidência da operação no Brasil. Após um convite para assumir o comando da subsidiária da empresa na Ásia, Rodrigo decidiu mudar de ares. Naquele que ele chama de maior passo da sua carreira, aceitou a proposta de Laércio Cosentino, fundador da Totvs, para liderar a companhia de softwares de gestão e, há seis meses, passou a usar outro sobrenome corporativo. Agora, com a renuncia de Rodrigo, Laércio agora deve retornar ao cargo de presidente da empresa. 

No ano passado, meses depois de sair da IBM e começar na casa nova, Rodrigo deu a seguinte entrevista a VOCÊ S/A, que foi publicada na edição de novembro da revista. 

O que o levou a mudar de empresa após mais de 20 anos?

Gosto de ser desafiado, empreender e ousar. Depois de quase 22 anos na IBM, de chegar à presidência no Brasil, minhas possibilidades começaram a ficar mais limitadas e, para continuar crescendo, eu teria que sair do país. Fui convidado a ir para Nova York para ajudar a redesenhar a companhia, e, de lá, seguir para a presidência da Ásia e Pacífico. Mas, nesse meio tempo, eu já era membro do conselho da Totvs, já conhecia a companhia e tinha uma relação próxima ao Laércio (Cosentino, fundador da empresa de TI). Ele queria fazer o processo sucessório e me convidou para participar. 

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Quanto tempo você levou para tomar a decisão de sair da IBM?

Passei seis meses nos Estados Unidos amadurecendo a ideia. Havia a possibilidade de seguir uma carreira internacional lá, o que faria todo sentido quando o Brasil vive uma crise como esta. Mas fiquei com a sensação de abandonar o barco. Por outro lado, depois de 21 anos, seria difícil trabalhar num concorrente, algo como casar com uma amiga da sua ex. Mas a Totvs nunca foi concorrente da IBM, sempre foi parceira. 

Como foi assumir o lugar do fundador, que sempre foi a cara da empresa?

Sei que o Laércio era a Totvs, mas ele mesmo diz que não pode ser. Na IBM, havia funcionários com o dobro da minha idade. Mas, como eu estava lá há muito tempo, quando falava algo, as pessoas ouviam. Aqui, estou trabalhando para ganhar a confiança do time, dar o meu tempero. Imagino que seja difícil quando o fundador sai mas continua apegado. Laércio continua participando das decisões, mas é bem aberto. Como todo cara muito inteligente, ele gosta de ouvir outros pontos de vista. 

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O senhor era chamado de menino-prodígio na IBM. Que traços construíram essa marca?

Nunca me deixei levar por promoções. Não me acho mais inteligente que ninguém e sempre me dediquei muito. Se tem um cliente com problemas, no sábado, às 2h da manhã, e se eu for fazer diferença, pego o carro ou o avião e vou ver o cliente. Na posição em que estou, tem que gostar de gente, de tecnologia e de cliente. Tenho uma filosofia de que crescimento e conforto não coexistem. Se você quer se desenvolver, como profissional e ser humano, tem que sair da sua zona de conforto.  

Como foram os seus primeiros 90 dias na casa nova? 

Na primeira semana, você vive situações engraçadas. Me perdi para ir ao banheiro, não sabia com quem falar para pedir o carro ou como chamar o elevador. Falava com pessoas que não me conhecem. Fica aquela sensação de ter que me provar de novo. Mas o curioso é que quando fiz 60 dias de companhia, de tão intenso que foi, parecia que já tinha um ano aqui. Já me sinto tão em casa, tão confortável, que tive que ir à IBM para entregar um documento e foi estranho. Entrei lá e pensei: “Parece que foi em outra vida”. Já me adaptei completamente – sou meio camaleão mesmo. 

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