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O lado ruim de trabalhar na empresa dos sonhos

Como o marketing em torno das companhias pode ser prejudicial para a carreira

Por Luciana Lima, Elisa Tozzi
Atualizado em 17 dez 2019, 15h28 - Publicado em 6 jan 2015, 10h16

O cenário de pleno emprego e a briga por mão de obra faz com que as empresas criem estratégias para reforçar suas marcas, convencer os candidatos de que são ótimos locais para se trabalhar e, assim, contratar os melhores.

Essas ações ajudam os candidatos a conhecer um pouco sobre a cultura das companhias, mas podem, também, iludir os profissionais. Não há empresa perfeita, por isso é importante ter um olhar crítico sobre as organizações – mesmo as mais famosas e elogiadas.

Adriana Prates, presidente da Dasein Executive Search, empresa de recrutamento executivo de Belo Horizonte, conta como não se deixar enganar pela fama.

 

VOCÊ S/A – Qual o risco de escolher uma empresa somente pela marca?

 Adriana – Profissionais que fazem isso, muitas vezes, entram com expectativas muito altas na empresa e, ao enfrentar os problemas do dia a dia, ficam muito frustrados.

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Por mais que uma empresa tenha políticas inovadoras, se o ser humano pudesse escolher, faria só que lhe dá prazer. Então, vai se decepcionar quando surgirem os problemas.

VOCÊ S/A – Por que que as pessoas se frustram mesmo quando conseguem um trabalho em uma empresa que admiram?

Adriana – Mais do que ter uma marca na testa, as pessoas estão buscando valores autênticos.  Querem mais clareza e coerência: que seja mantido no dia a dia o que foi vendido na hora da contratação. Os jovens acreditam que a empresa é exatamente igual ao que diz ser.

Quando enxergam a realidade da instituição e percebem as dificuldades que existem em todas as companhias, há um desapontamento muito forte.  Não existe empresa dos sonhos, o marketing deve traduzir os atributos de valor que, comparado às outras marcas, essa empresa possui de maneira mais acentuada.

VOCÊ S/A – Quais os benefícios de trabalhar em empresas menos conhecidas?

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Adriana – Elas costumam oferecem remunerações e benefícios mais competitivos na hora de recrutar.  Outro ponto é que, quando um profissional entra em um ambiente com expectativas mais baixas, ele acaba se surpreendendo ao descobrir as boas práticas e valores da empresa, que não eram tão populares. Não é porque uma empresa é pouco conhecida que ela não tem uma gestão de pessoas estruturada. Ela também tem uma marca empregadora, só que menos agressiva.

 VOCÊ S/A – Em longo prazo, qual o impacto na carreira de alguém que só escolhe empresas pela marca?

 Adriana – O profissional delega a responsabilidade de crescer na carreira e ser bem sucedido à empresa em que trabalha. Entra numa zona de conforto e cria a ilusão de que as coisas são mais fáceis por trabalhar em uma empresa bastante conhecida.

A pessoa esquece que sucesso é algo individual e que o profissional deve ser o protagonista da sua carreira. Isso precisa estar claro, para não entrar na cultura organizacional errada e ter coerência entre seus valores pessoais e os da empresa. 

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