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Diferenças no aumento salarial concedido a homens e mulheres

Segundo levantamento de consultoria, homens e mulheres recebem aumento salarial em diferentes proporções.

Por Por Redação Você S/A
Atualizado em 17 dez 2019, 15h24 - Publicado em 6 jan 2016, 08h50

SÃO PAULO – Não é só no salário que se percebem as diferenças entre homens e mulheres. Existem discrepâncias também nos aumentos concedidos entre profissionais homens e mulheres de mesmas áreas e níveis. A Talenses, consultoria de recrutamento de executivos em São Paulo, fez uma análise de seus dados e descobriu, por exemplo, que entre os profissionais de média e alta gerência de marketing, os homens receberam um aumento salarial de, em média, 40% em 2015 em relação a 2014. Já para as mulheres, o aumento foi de apenas 7% no mesmo período. 

Para Rodrigo Vianna, diretor executivo da Talenses, um dos motivos para essa diferença é o fato de que as próprias mulheres acabam direcionado a carreira para ter mais flexibilidade e qualidade de vida, em vez de maior remuneração ou cargos mais altos. “Muitas vezes a mulher na idade de ser promovida, entre 32 e 40 anos, fica grávida e procura projetos que sejam mais adequados para terem tempo para família”, diz Rodrigo. “Isso porque, infelizmente a gravidez ainda gera relativa dificuldade na carreira da mulher”.  Já homens privilegiariam mais a o crescimento e remuneração na hora de pensar na carreira, com ou sem filhos. 

“Isso ainda acontece também porque as mulheres ainda são consideradas as grandes responsáveis pelo cuidado com os filhos e tarefas domésticas, mesmo quando trabalham”, explica Rodrigo. Não à toa, áreas mais voltadas à gestão por projetos, com maior flexibilidade e autonomia para se escolher horários e metas, são preferidas pelas mulheres. A área de TI, por exemplo, registra um movimento inverso. Nesse segmento, o aumento salarial das mulheres nos cargos de coordenação e gerência sênior foi de 52% segundo dados da Talenses, contra 2% para os homens. “Nessa área tem mais home-office, meio período e participação por projetos”, diz. “Existe uma falta de mão de obra no TI e as mulheres estão tomando conta desse espaço”, afirma Rodrigo. 

Para ele, para a situação se tornar mais igualitária, as empresas precisam dar mais condições e flexibilidade para as mulheres que engravidam poderem assumir cargos de direção e, igualmente, dar maiores licenças paternidade para que homens possam assumir cuidados com os filhos. Ao mesmo tempo, seria necessária uma distribuição mais igualitária de divisões de tarefas em casa. Afinal, de nada adianta igualdade no trabalho se no final do dia as mulheres ainda têm que enfrentar a dupla-jornada de trabalhar e cuidar de tarefas domésticas. Por outro lado, Rodrigo aponta uma tendência positiva em sua experiência com recrutamento de executivos. “Ultimamente as empresas não têm levado em consideração se é homem ou mulher na hora de fazer propostas, ao contrário do que acontecia antes”, diz. O problema seria mesmo que mais mulheres se afastam desses cargos por não sentirem que terão condições de criar filhos e dirigir equipes no modelo de trabalho atual.

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