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Tudo depende de ponto de vista: até o prejuízo de R$ 1,2 bilhão da CVC

Ações da companhia têm dia volátil e mostram como é difícil projetar a situação financeira e as próximas viagens enquanto houver Covid-19.

Por Tássia Kastner, Monique Lima
Atualizado em 9 out 2020, 16h13 - Publicado em 1 out 2020, 18h35

No mercado financeiro tudo depende do ponto de vista, e esse ponto de vista pode mudar a todo o momento. A CVC divulgou nesta quarta, que dá pontapé para o último trimestre de 2020, os dados financeiros do primeiro trimestre do ano. Demorou tanto porque a companhia não fazia ideia de como calcular o estrago deixado pela pandemia na empresa.

Bom, ficou claro porque eles tiveram tanta dificuldade para fechar as contas. O prejuízo foi estratosférico: R$ 1,15 bilhão. Bem diferente do lucro de R$ 50 milhões no mesmo período de 2019. 

Levando em consideração que o segmento de turismo foi um dos mais afetados pela pandemia, dava pra imaginar que os números seriam ruins e as ações da empresa teriam um novo tombo. E olha que de tombo a CVC entende: em 2020 a companhia perdeu 60% de seu valor de mercado. 

Os analistas da corretora Guide chegaram a escrever que a notícia era negativa para as ações da companhia hoje e destacaram as despesas com a crise: R$ 64 milhões para cobrir calotes de clientes e R$ 278 milhões em impostos que deixaram de ser pagos durante a crise, mas que ainda precisarão ser pagos no futuro, foram dois dos destaques.

E, de fato, elas caíram. Na mínima do dia, chegaram a ser cotadas a R$ 15,32, baixa de 5%.

Mas aí o ponto de vista mudou: os executivos da empresa concederam entrevistas e afirmaram que a companhia já estava recuperando participação de mercado e que as vendas estão se recuperando. No documento em que detalhou os dados do primeiro trimestre, a empresa disse ainda que os orçamentos para turismo “atingiram nas últimas semanas 85% do volume do mesmo período do ano anterior”.

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E, acredite ou não, as ações passaram a subir e chegaram a acumular alta de 4% durante o pregão.

É o clássico momento em que o mercado pensa: “os dados passados não são tão ruins assim, afinal, estão no passado. E é de futuro que vivem as ações da bolsa”.

E então os investidores aproveitam e olham para os setores relacionados. Gol e Azul tiveram um excelente dia, porque seria diferente com a CVC?

No caso das companhias aéreas, o banco americano Goldman Sachs mudou de “neutro” para “compra” a recomendação dos papéis, levando os investidores, bem, às compras. Mais: a Gol ainda se destacou com o anúncio de cinco novos destinos integrados às operações do aeroporto de Congonhas. Sinal verde dado, compras a mil. A Azul fechou em alta de 5,41% e a Gol 4,80%.  

O problema é que o investidor também lembra que uma coisa é companhia aérea, outra é agência de viagem. E pensa um pouco melhor que a CVC tem uma dívida R$ 600 milhões para vencer em novembro e ainda estuda as formas de captação de recursos para quitá-la.

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Resultado: sim, mudou de ponto de vista, mas fechou mesmo em queda de 2,60%, a R$ 15,71.

A notícia positiva de BSB

O Supremo liberou hoje, depois do fechamento do mercado, que a Petrobras possa privatizar suas refinarias sem a aprovação do Congresso. Com isso os acionistas foram ao céu. Os papéis da petrolífera já vinham na expectativa do aval e subiram (PETR3 0,91% e PETR4 1,22%) mesmo com o preço do petróleo fechando no negativo. É uma notícia positiva que chega do cerrado depois de dias de informações que investidores prefeririam esquecer.

Mas não podem, é claro.

Continua sem resolução sobre a fonte de financiamento do Renda Cidadã, o mercado detesta o adiamento de reformas, agora por causa da eleição, segue a briga entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Ou seja, não há nada da agenda liberal a que o mercado possa se apegar. 

No final das contas, a Petrobras fez a bolsa recuperar os 95 mil pontos, alta de 0,93%. Quanto tempo isso vai durar? Depende do ponto de vista. 

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MAIORES ALTAS 

IRB Brasil: 8.14%

Cogna: 6.56%

Multiplan: 5.76%

BR Malls: 5.61%

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Azul: 5.41%

 

MAIORES BAIXAS 

Natura: -4.99%

Qualicorp: -3.50%

CVC: -2.60%

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Minerva: -1.62%

B3: -0.87%

 

Dólar: +0,61%, a R$5,64

Petróleo 

Brent: -3,24%, a US$ 40,93 o barril

WTI: -3,73%, a US$ 38,72 o barril

 

Bolsas americanas

Dow Jones: 0,13%, aos 27.816,90 pontos;

S&P 500: 0,54%, aos 3.381,10 pontos;

Nasdaq: 1,42%, aos 11.326,51 pontos.

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