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Guedes e a “desistência” da CPMF que alegrou o mercado. Pena que não durou

Depois de acompanhar a negatividade do exterior, B3 se desloca das suas similares gringas após a fala do Ministro da Economia.

Por Monique Lima, Tássia Kastner
15 out 2020, 18h21

“Talvez eu desista dele.” Ele é o imposto sobre transações digitais, a nova CPMF. Eu, nessa frase, é o ministro da Economia, Paulo Guedes. E é Guedes quem quer, desde antes de assumir como ministro, ressuscitar esse tão antipático imposto que morde um naco do dinheiro em todas as transações financeiras. Sim, é mandar R$ 100 e o outro só receber R$ 99.

Com essa tão curta frase, o ministro conseguiu mudar o rumo da bolsa de valores brasileira nesta quinta. Ah, ele também negou que, caso fosse criado o novo imposto, a arrecadação seria para bancar o Renda Cidadã, o que ajudou o Ibovespa em mais um impulso.

E olha que o Ibov vinha bem negativo, seguindo o exterior preocupado com o aumento de casos do novo coronavírus.

A alta se explica porque, sem CPMF, o mercado financeiro começaria a acreditar que dá para aprovar uma reforma tributária. Mas sempre tem o MAS.

Depois que Guedes falou essa frase, em uma entrevista à CNN Brasil, veio uma informação contrária do próprio governo. Segundo o jornal Valor Econômico, uma fonte graduada ligada ao ministro afirmou que não era bem assim. Segundo esta fonte, “a fala de que ‘talvez desista’ não deve ser tomada ao pé da letra, mas há resistência de todo lado ao eventual novo imposto”.

Bom, aí o mercado lembrou o que Guedes havia afirmado um dia antes. O superministro defendeu na véspera a criação deste mesmo imposto e mais: acusava a Febraban de ser contra a CPMF porque os bancos estariam embolsando uma taxa equivalente.

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Guedes comparou um imposto (a CPMF) com uma tarifa bancária (que é facultativa). Mas, segundo o ministro, a TED, que pode custar mais de R$ 20 nos grandes bancos, é uma CPMF disfarçada e que vai para o caixa dos bancos. Por isso, em vez de usar o Pix, que é de graça para pessoa física, o valor deveria mesmo ir para o cofre do governo? Hm.

Enfim, bastou um desdito, uma lembrança e um piscar de olhos. Quando o investidor viu, a Bolsa, que chegou a subir à máxima de 99.485 mil pontos, estava de volta ao vermelho. Fechou em baixa de 0,28%, aos 99.054 pontos.

 

Coronavírus contra-ataca na Europa 

Com média de 100 mil novos casos diariamente, a coisa anda feia lá na Europa. A comissária de Saúde da União Europeia, Stella Kyriakides, pediu que os países priorizem cuidados de prevenção para evitar as “consequências devastadoras” do que seria um novo regime de lockdown. 

Em Londres, o nível de restrição da cidade será mudado para “alerta alto” a partir de sábado (17), isso quer dizer que serão proibidos encontros entre famílias que não moram na mesma casa em pubs e restaurantes, visitas também não são recomendadas, e na rua, nada de aglomerações: seis pessoas é o máximo para um encontro em local aberto. 

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Na França, Paris e mais sete cidades terão toque de recolher entre 21h e 6h, também a partir do dia 17. Já em Portugal, decretado estado de calamidade novamente. 

O resultado não podia ser outro: bolsas da Europa todas no negativo. Frankfurt: -2,54%; Londres: -1,76%; Paris: – 2,11% e Madri: -1,44%. 

Os EUA sentiram forte os ventos sombrios que chegaram pelo Atlântico. E  ainda foram intensificados com a notícia desastrosa de aumento no número de pedidos de auxílio-desemprego na última semana. A alta de 53 mil anunciada pelo Departamento do Trabalho americano foi de encontro com a expectativa média de queda em 10 mil dos analistas. A previsão era de 830 mil novos pedidos, mas o número ficou em 898 mil. 

Como se não bastasse, o líder republicano no Senado, Mitch MCConnel, sinalizou que os estímulos fiscais, tão aguardados pelos investidores, não devem sair antes das eleições à presidência, que só acontecerá em 3 de novembro. 

Sem motivos para alegria, sem motivos para bons números. O fechamento em Wall Street seguiu o clima pesado. O S&P 500 caiu 0,15%, enquanto o Nasdaq perdeu 0,47%. 

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MAIORES ALTAS 

Usiminas: 6,06%

Cia. Siderúrgica Nacional: 5,71%

JBS: 4,28%

MRV Engenharia: 2,77%

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Gerdau: 2,53% 

 

MAIORES BAIXAS 

Petro Rio: -5,60%

Cogna: -3,45%

Ambev: -2,61%

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Notre Dame Intermédica: -2,40%

IRB Brasil: -2,23%

 

Dólar: +0,46%, a R$ 5,62 

 

Petróleo

Brent: -0,36%, cotado a US$ 43,16 o barril 

WTI: -0,19%, cotado a US$ 40,96 o barril 

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