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Concorrência? Em dia de Prime Day da Amazon, festa é do Magalu e da B2W

Ações do Magazine Luiza passarão por split: hoje fecharam em R$ 104, amanhã serão negociadas a R$ 26.

Por Luciana Lima, Tássia Kastner
Atualizado em 15 out 2020, 08h36 - Publicado em 13 out 2020, 19h33

“Hoje a festa é nossa, mas quem ganha o presente é você”, teria dito a Amazon para as colegas do e-commerce brasileiras.

Nesta terça foi a estreia do Prime Day no Brasil, uma espécie de Black Friday global da empresa de Jeff Bezos. E o que aconteceu foi uma daquelas situações do mercado financeiro um tanto difíceis de explicar. 

Por lá, as ações da Amazon terminaram na estabilidade (+0,02%). Por aqui, as gigantes do varejo local dispararam como se o Prime Day não fizesse concorrência alguma ao comércio online das empresas nacionais.

A BW2 fechou o dia como a maior alta do pregão, em +6,73%. Já o Magazine Luiza avançou 5,96% e terminou na máxima histórica. E a ViaVarejo, olhando pras concorrentes, ganhou “só” +2,80%.

A festa foi tanta que dá pra dizer que, se vendia pro consumidor, subiu. Roupa? Subiu, com Hering a +2,39%. Loja física? Subiu também, com Lojas Americanas a + 2,21%. Perfume? Alta da Natura (+4%).

Não, ninguém tem uma explicação muito clara para o que aconteceu no pregão fora algum otimismo com dados de varejo que nem novos são. 

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Mas há uma história divertida: hoje a ação do Magalu fechou a R$ 104. Amanhã, quando o mercado reabrir, vai dar para comprar o mesmo papel a R$ 26. Mas não se preocupe, nenhuma tragédia terá acontecido.

Esse é o chamado desdobramento de ação (ou split, para os íntimos). E, no caso do Magalu, a divisão será de 1 para 4. Se o investidor tinha um papel, passará a ter quatro, mas que equivalem a exatamente os mesmos R$ 104.

De forma prática: imagine que você precisa alimentar 16 pessoas com uma pizza de tamanho padrão. A saída para não deixar ninguém passando fome é, muito provavelmente, dividir a pizza em pedaços menores para que os oito pedaços tradicionais sejam multiplicados por dois. Assim, teremos mais fatias (ou ações) com a mesma pizza (ou valor de mercado de uma empresa).

Mas na bolsa, a questão não é exatamente matar a fome de todo mundo. A chave é permitir que mais gente consiga comprar e vender o papel.

As ações são negociadas na bolsa de 100 em 100. Então, para ser acionista da empresa, o investidor precisaria desembolsar R$ 10.400. Agora, bastam R$ 2.600. Cabe no bolso de mais gente.

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A tática é uma velha conhecida do Magalu, que já realizou split de ações em 2017, por exemplo.

Com papéis negociados em valores mais baixos, os investidores antecipam que será mais fácil vender esses ativos. Isso ajuda a explicar, em parte, a procura pelas ações da varejista no dia de hoje. Fato é que o bom desempenho da Magalu em meio à pandemia tem feito a empresa da família Trajano seguir num caminho de valorização histórica. Hoje, a rede, que conta com 1.100 lojas, terminou o dia valendo cerca de R$ 159 bilhões – o Santander, por exemplo, vale R$ 118 bi.

Além de conseguir entrar na onda de valorização da concorrente, a B2W ganhou uma forcinha da Guide Investimentos: a corretora colocou a holding dona das Lojas Americanas, Shoptime e Submarino na carteira semanal recomendada. E, para isso, tirou a JBS das recomendações.

Segundo a corretora, o bom momento do varejo, aliado ao fortalecimento da plataforma de marketplace da companhia e projetos como o Ame, carteira de pagamentos digital, deve manter a saúde financeira da empresa, que encerrou o segundo trimestre com R$ 4 bilhões em caixa e reduziu o prejuízo em quase 42% em relação ao ano passado.

E se a festa no varejo já tava bombando, Brasília voltou a dar notícias que o mercado financeiro gosta de ouvir.

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Roberto Rocha (PSDB), presidente da Comissão Mista da reforma tributária, prometeu devolver a reforma tributária para o debate. Em encontro promovido pelo Lide (grupo empresarial do governador João Doria), ele afirmou que até dia 10 de dezembro o texto será votado pela comissão. De acordo com ele, a reforma passaria pela Câmara dos Deputados ainda esse ano, inclusive. 

Vamos combinar que o prazo não parece muito factível, mas o mercado gosta mesmo é de ouvir a palavra mágica “reforma”.

Foi o suficiente para melhorar o apetite pelo risco. Com uma ajudinha dos frigoríficos, beneficiados pelos dados da balança comercial chinesa em alta, o Ibov terminou o dia no verde, em alta de 1,05%, aos 98.502,82 pontos.

E isso tudo na contramão de Wall Street. 

Por lá, além de a Amazon não ter subido, a Apple caiu.  A maçã lançou seus novos iPhones com 5G e tudo e uma nova caixinha de som inteligente, mas acabou no vermelho (-2,65%). Dado que na segunda a empresa tinha subido mais de 6%, dá para chamar de realização de lucros. Subiu bem, os lançamentos vieram dentro do esperado, então o investidor pensa “bora colocar dinheiro no bolso”.

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Já as outras big techs escaparam da baixa: Google +0,16% e Facebook +0,14%.

No mercado como um todo, pesou a paralisação dos testes da vacina da Johnson & Johnson , após um dos pacientes adoecer, e a dificuldade de os americanos chegarem a um acordo para uma nova rodada de estímulo à economia.

Isso porque Nancy Pelosi (o nosso Rodrigo Maia), disse em carta aos congressistas democratas que o valor ofertado pelo presidente Donald Trump, cerca de US$ 1,8 trilhões, está “aquém” do necessário. A repercussão, é claro, foi seguida de tuítes de Trump.

Sem esperança (tanto na saúde quanto no bolso), os índices do exterior terminaram a sessão em queda: Dow Jones fechou -0,55%, S&P 500 em -0,63% e o Nasdaq a -0,10%. 

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Maiores altas

BW2: +6,73%

Magazine Luiza: +5,96%

Marfrig: +4,72%

Natura: +4.0%

BRF: +3,67%

Maiores baixas

Embraer: -2,99%

Estácio: -2,63%

MRV Engenharia: -2,88%

GPA (Pão de Açúcar): -2,00%

BTG: -1,64%

Dólar: +0,94%, cotado a R$ 5,57

Petróleo:

Brent: +1,80%, a US$ 42,47

WTI: +1.95%, a US$ 40,20

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