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Tempestade perfeita ao contrário derruba o dólar em 2,93%

Relatório do BofA a favor do real e ameaça de inflação nos EUA fazem a moeda americana voltar a R$ 5,41.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 9 out 2020, 16h38 - Publicado em 28 ago 2020, 19h15

“Tempestade perfeita” é o termo para uma sucessão de coisas ruins que se retroalimentam. Hoje aconteceu exatamente o oposto disso no câmbio. Uma tempestade perfeita ao contrário. 

O sol se abriu para o real em relação ao dólar hoje, quando o Bank of America disse estar apostando forte na subida da moeda brasileira em relação à americana, e seguiu em céu de brigadeiro ao longo do dia com a queda do dólar em relação a outras moedas fortes (cortesia da política de “juros baixos forever” do Fed, anunciada ontem).  

E o dólar fechou numa queda mastodôntica de 2,93%, a R$ 5,41.

O BofA disse que o real desvalorizou além da conta. E que o momento agora é bom para comprar a moeda brasileira. E ainda completou dizendo que aposta em quedas do peso mexicano e do rublo. Ou seja: com essa recomendação, os fundos internacionais que investem em moedas de países emergentes tendem a trocar seus pesos, rublos e cia por reais. Nisso, a cotação da nossa moeda sobe. E o valor do dólar em reais cai. 

O outro componente da tempestade perfeita ao contrário foi o enfraquecimento da moeda americana ante seus pares do clube das moedas parrudas. A posição do Fed, que na prática é a de manter as impressoras de dólar ligadas a todo vapor, gerou um medo generalizado de que a moeda americana entre numa espiral inflacionária. Nisso, o greenback caiu diante do euro (-0,63%), da libra (-1,14%), do iene (-1,13%), do franco suíço (-0,53%).  

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Ibovespa

Dólar em baixa, Ibovespa em alta. Boa parte do mercado parece ter entendido que Guedes e Bolsonaro ficaram de bem – mesmo com o novo adiamento da apresentação do plano para o Renda Brasil. Os rumores são os de que o presidente agora aceita abrir mão do valor de R$ 300 para o benefício. Na prática, o Renda Brasil deve fechar como uma ampliação do Bolsa Família. O benefício atual paga R$ 190 a 14 milhões de famílias; o novo deve pagar algo na casa dos R$ 200 a 17 milhões de famílias – menos do que as 21 milhões previstas. 

A ideia de que o plano deva ser apresentado numa versão mais amigável às contas públicas deu um gás no Ibovespa, alta de 1,51%, aos 102.142, o que ajudou uma semana que tinha tudo para terminar em baixa fechar no azul: +0,61%.

Foi um dos raros dias de 2020 em que o índice da bolsa paulistana ficou bem acima dos de suas pares novaiorquinas. O S&P 500 subiu 0,67%; o Nasdaq Composite, 0,60%. Ambas seguem firmes renavando seus recordes históricos. 

Por aqui, o troféu de maior alta ficou com a Cyrela. É que os IPO’s de duas de suas construtoras subsidiárias, a Cury e a Plano & Plano, devem levantar, juntas, algo próximo de R$ 3 bilhões. As aberturas de capital acontecem em setembro, e vão rechear o caixa da construtora-mãe. Daí a subida firme, de 7,39%.   

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Destaque também para a Qualicorp, que retomou o patamar dos R$ 31, atingidos na quarta após a divulgação de um bom balanço, com aumento de 21% nos lucros entre o 2T19 e o 2T20, a R$ 126 milhões. A Ecorodovias ficou com o bronze: alta de 5,43% com a expectativa pelo aumento do tráfego nas estradas, agora que o número de mortes por Covid no Estado de São Paulo caiu pela terceira semana seguida – a média diária está em 203, contra 230 na semana passada.   

Na ponta negativa do Ibovespa, não houve quedas maiores que os 1,57% do IRB Brasil. Parte das quedas envolveram empresas com receita em dólar que tinham subido forte nas últimas semanas, caso da Marfrig (-1,39%) e da JBS (-0,95%). Pois é: baixas do dólar não fazem a alegria de todo mundo.   

Bom fim de semana 🙂

Maiores altas

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Cyrela: +7,39%

Qualicorp: + 5,59

Ecorodovias: + 5,43%  

Rumo Logística: + 5,41%

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BR Distribuidora: + 4.51%

Maiores baixas:

IRB Brasil: -1,57%

Marfrig: -1,39%

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Braskem: -1,07

Cogna: -0,98%

JBS: -0,95%

Petróleo (Brent): + 0,46%, a US$ 45,81l

  

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