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Nubank compra Easynvest e une os dois roxinhos das finanças brasileiras

Com aquisição, fintech confirma o que os bancões já diziam: todos querem ser grandes

Por Tássia Kastner
Atualizado em 11 set 2020, 15h32 - Publicado em 11 set 2020, 12h15

Os dois roxinhos do mercado financeiro brasileiro devem mudar o jogo de novo. Desta vez, no mundo dos investimentos. O Nubank anunciou nesta sexta-feira (11) a compra da corretora Easynvest por um valor não revelado.

O acordo, que já vinha sendo aventado pelo mercado, também ajuda a tirar o universo das corretoras do samba de uma nota só que vinha sendo tocado pela XP (que, não custa lembrar, é dona da Rico e a da Clear).

Para que isso aconteça, a compra desta sexta-feira precisa ser aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e pelo Banco Central.

O Nubank afirma ter quase 30 milhões de clientes, que bem podem ser classificados como um grande fã clube, usuários de conta de pagamentos e cartão de crédito. É verdade que a fintech oferece bem mais do que esses dois produtos (como crédito pessoal) e já tinha dois fundos de investimentos ligados à conta.

O problema? Eles têm rendimento ligado à Selic, que nos atuais 2% ao ano não fazem brilhar o olho de ninguém (ainda mais agora que a inflação voltou a dar as caras).

Já a Easynvest –que herdou o aposto de maior corretora independente do país depois que a XP: 1) vendeu uma fatia relevante para o Itaú e 2) virou um banco – tem 1,5 milhão de clientes. Desde 1968 no mercado, hoje ela opera apenas pela internet ou aplicativo e cresceu com o fenômeno da expansão do Tesouro Direto.

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O problema é que ele também perdeu popularidade com a Selic a 2%, e agora só se fala em ações.

Leitores, aqui cabe um lembrete importante: ainda que a Selic esteja no chão, esses investimentos ainda são os mais recomendados para a famigerada reserva de emergência –aquele dinheiro guardado para imprevistos e que precisa poder ser sacado rapidamente.

Voltando à junção das duas roxinhas.

A Easynvest diz ter R$ 23 bilhões em ativos sob custódia e vinha registrando prejuízos sucessivos. No dado mais recente informado ao Banco Central, do trimestre encerrado em março, a perda foi de R$ 8,5 milhões.

Aí você, leitor, me dirá: mas o Nubank também dá prejuízo, de R$ 119,8 milhões, como vai ser isso?

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Pois bem, tudo depende do que a empresa tem em mente para gastar mais do que ganha. No caso do Nubank, ele tem grandes investidores colocando muito dinheiro para aquisições de expansão dos negócios. Foram três compras (com a Easynvest) apenas neste ano.

O Nubank gosta de repetir que aposentou a porta giratória das agências bancárias e fez frente aos grandes bancos brasileiros na oferta de serviços mais simples e baratos.

Mas a resposta dos executivos dessas grandes instituições sempre foi uma só: não se engane, eles também querem crescer e oferecer tudo o que um bancão tem (e com o que ganham dinheiro).

Não é só o Nubank, claro. Outras fintechs estão indo pelo mesmo caminho. Em julho, o Neon anunciou a compra da Magliano, considerada a corretora mais antiga do país. O banco Inter também avança firme em sua plataforma de investimentos.

Do lado das corretoras, há uma questão de sobrevivência. Ainda que esteja crescendo o número de investidores e que eles estejam cada vez mais dispostos a aplicar em produtos de risco, a alta não parece ser suficiente para suportar a receita de tantas empresas. Especialmente quando os juros caem e as taxas cobradas nos investimentos precisam cair também.

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Na dúvida, a oferta diversificada, a receita dos grandes bancos, é a melhor resposta para a sobrevivência.


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