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Fator Guedes faz Ibovespa fechar sob chuvas e trovoadas

Em meio à tensão com uma eventual saída do ministro, índice cai 1,73%. Praticamente só os frigoríficos tiveram um dia de sol.

Por Alexandre Versignassi, Monique Lima
Atualizado em 17 ago 2020, 18h56 - Publicado em 17 ago 2020, 18h12

Um dia cinza e frio em São Paulo, sede da B3, para acompanhar o clima trágico do mercado. Incertezas sobre a manutenção do teto de gastos fizeram o Ibovespa sofrer: baixa de -1,73%.

A nuvens carregadas começaram a chegar na semana passada, com a “debandada” no Ministério da Economia. E agora, com a tempestade de boatos sobre uma possível saída de Paulo Guedes, o toró veio. O superministro não tem se mostrado tão super, já que a tarefa de manter a situação fiscal dentro do tolerável não está fácil para ele.

“Situação fiscal” é um jargão para “manter as contas em dia”. Se o governo gasta muito mais do que arrecada não consegue manter juros baixos (nem a inflação sob controle). Guedes acha que só mantendo o teto vamos ter uma economia funcional. Outros ministros, e Bolsonaro, pressionam por gastos extras, com poder de furar o teto. Agora, que a ajuda emergencial (um baita gasto extra), se converteu num boom de popularidade para Jair, pior ainda para Guedes – que corre o risco de sair sem deixar um sucessor que desperte confiança. 

A coisa está tão feia, que uma reunião de Paulo Guedes com Bolsonaro, previamente marcada, foi motivo para aumentar o stress e fazer a bolsa cair mais no meio do dia. 

O mercado sentiu, de fato. A Petrobras, por exemplo, conseguiu cair -0,31% em pleno dia de alta no petróleo, com o barril do Brent subindo 1,27%.    

O estouro da boiada

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Entre as poucas exceções de alta na B3 ficaram os frigoríficos. Marfrig e JBS tinham registrado balanços surpreendentes na semana passada – com lucro de R$ 1,59 bilhão para a primeira (1.700% a mais que no 2T19) e R$ 3,37 bilhões para a segunda (alta de 54%). 

As ações da dupla, porém não tinham subido tanto na semana passada. Tiveram como freio o caso da Covid nos frangos exportados para a China, que abalou toda a indústria frigorífica do País. Mas agora, depois de a OMS ter declarado que o risco de contaminação por coronavírus via alimentos é algo improvável, e de um fim de semana para os investidores esfriarem a cabeça, o setor deslanchou bonito. Das cinco maiores altas do Ibovespa hoje, nada menos que quatro são exportadoras de carnes – olha lá embaixo.       

Caso Hering

O balanço com lucro líquido de R$ 126,8 milhões, 211% acima do mesmo período de 2019, fez a malharia subir como um foguete na última sexta-feira (14). Mas não resistiu a uma segunda olhada. Boa parte do mercado passou a entender que os créditos milionários recebidos pela malharia na forma de restituição de impostos criaram um resultado artificial: fruto da competência do setor jurídico da empresa, não de suas operações propriamente ditas. E a Hering, que tinha sido a maior alta da sexta, com 10,27%, virou a maior baixa da segunda:  -8,34%. Sobrou um chorinho, pelo menos. 

Lá fora, por outro lado, o sol brilhou. O S&P 500 voltou a cutucar seu recorde histórico (de 3.386 pontos, em 19/02/2020): alta de 0,27%, a 3.381 pts. A Nasdaq subiu robustos 1%. Só o Dow Jones destoou um pouco: queda de 0,31%, puxada por casos pontuais: queda nas ações do Goldman Sachs (-2,36) e da Boeing (-3,41%). Nada que faça ligar a sirene.  

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Já por aqui não tem muito jeito. Enquanto o caso Guedes não estiver bem resolvido, a previsão para a semana é de mais chuvas e trovoadas.

 

MAIORES ALTAS 

Marfrig 5.37%

JBS  2.53%

Klabin  2.11%

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CSN 1.90%

Minerva  1.84%

 

MAIORES BAIXAS 

Hering -8.34%

Eletrobras -6.66%

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GOL -6.05%

Br Malls  -5.85%

Via Varejo -5.70%

 

Petróleo:

Brent:  +1,27%, a US$ 45,37 

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WTI: +2,09%, a US$ 42,89

Dólar:  +1,30%, a R$ 5,49

 

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